Pentágono usou urânio
Em pelo menos em dois bombardeamentos na Síria, a aviação norte-americana usou munições com urânio empobrecido. E vai voltar a fazê-lo, garante o Pentágono.
A exposição a urânio empobrecido tem consequências devastadoras
Depois de terem procurado ocultar o facto, as forças armadas dos EUA acabaram por admitir que ataques da sua aviação na Síria usaram munições com urânio empobrecido. Os dois bombardeamentos que um alto funcionário do Pentágono confirmou, em entrevista, a semana passada, à revista Foreign Policy, ocorreram em Novembro de 2015 e terão tido como alvos camiões cisterna carregados de petróleo traficado pelo Estado Islâmico (EI). Mas as revelações não ficaram por aqui e de acordo com o porta-voz do comando central militar norte-americano, citado pela Lusa, aquele tipo de armamento vai novamente ser usado em operações contra o EI.
Ignora-se se os raides aéreos foram efectuados em zonas povoadas, o que não é um detalhe, sabendo-se que a exposição a urânio empobrecido tem consequências devastadoras para os seres humanos e perdura por gerações. Mas mesmo que a zona dos bombardeamentos agora admitidos seja desértica ou semi-desértica, subsiste o perigo de contaminação se os destroços dos camiões forem levados para outras paragens, como não raramente sucede em cenários de guerra, em que os povos deitam mão a tudo o que seja passível de permutar por bens essenciais à subsistência.
Veneno
Reputados investigadores e estudos sérios atribuem ao uso de munições com urânio empobrecido por parte da NATO e dos EUA na ex-Jugoslávia e nas campanhas contra o Iraque, bem como por parte de Israel nas agressões contra a Faixa de Gaza, o aumento exponencial de mal-formações congénitas, doenças oncológicas ou auto-imunes. Entre os soldados norte-americanos que têm servido as ofensivas imperialistas no Médio Oriente, milhares sofrem de uma síndrome com manifestações agudas ou crónicas.
Os EUA admitiram o uso de milhares de projécteis com urânio empobrecido na Síria depois de em 2015 o terem negado oficialmente. Recentemente uma publicação militar norte-americana reportou que o Pentágono não contabilizou, só em 2016, centenas de ataques aéreos efectuados na Síria, no Iraque e no Afeganistão. Uma e outra coisa conjugadas sugerem a necessidade de apurar com rigor o sucedido e impedir que se repita.