Sionistas aceleram colonização

Israel «mata» paz

O parlamento israelita aprovou, segunda-feira, 6, a legalização do roubo de terras palestinianas no quadro da intensificação da campanha de repressão, perseguição e colonização sionista, que o PCP denunciou em comunicado recente.

O PCP expressa a sua solidariedade com o povo palestiniano

Ao aprovar a norma que terá efeitos retroactivos para cerca de quatro mil casas construídas ilegalmente em terrenos privados palestinianos, e que desloca a jurisdição sobre os colonatos da esfera militar para a civil, o sionismo dá uma machadada significativa na perspectiva da resolução pacífica do conflito israelo-árabe e da questão palestiniana em particular, disse em reacção o representante das Nações Unidas para a paz no Médio Oriente.

Trabalhistas e congéneres no espectro político-partidário israelita lamentam que a legislação permita «anexar milhões de palestinianos», mas a preocupação destes não parece ser o direito da Palestina e do seu povo a um Estado independente e soberano, mas o facto de o pacote legal conduzir à entrada em Israel de milhares de árabes, bem como a eventual exposição de militares e políticos israelitas a processos na Justiça internacional.

O partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Likud, e o ultra-montano Casa Judia, insistem, por seu lado, que «toda a terra de Israel pertence ao povo judeu», resultando assim evidente o abandono de qualquer preocupação em mascarar as investidas e propósitos sionistas, algo que os acontecimentos das últimas semanas atestam.

Desde meados do mês de Janeiro, Israel já anunciou cinco novos projectos de construção de colonatos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, num total de mais de seis mil novas habitações em territórios palestinianos ocupados. Isto apesar de, em Dezembro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter condenado a política expansionista de Israel e instado Telavive a suspendê-la (Resolução 2334).

Na semana passada, as autoridades sionistas levaram a cabo acções de destruição de algumas casas em dois colonatos ilegais na Cisjordânia ocupada, provocando a ira dos ocupantes. Mas as iniciativas parecem destinadas a distrair a atenção e não é ainda claro que consequência irá produzir a nova legislação nos processos de desmantelamento em Ofra e Amona.

Partido solidário

Em nota divulgada faz hoje uma semana – na sequência de acções violentas contra a população do deserto do Negev (Al Naqab, na transliteração do árabe) e da aprovação de três mil novas habitações ilegais, o PCP condenou «a continuada acção do governo israelita, de natureza xenófoba e segregacionista, contra cidadãos palestinianos de Israel», e reafirmou «a sua solidariedade para com o Partido Comunista de Israel e todas as forças democráticas e progressistas israelitas que lutam contra a política sionista, pela paz e pelo respeito dos direitos do povo palestiniano».

O Partido notou que «a intensificação da repressão levada a cabo pelo governo israelita contra a população palestiniana de Israel e a postura de aberto desrespeito pela legalidade internacional são indissociáveis das afirmações de cobertura e apoio da Administração norte-americana à política sionista do governo israelita, de que é exemplo a provocadora e inaceitável intenção de transferir para Jerusalém a embaixada norte-americana em Israel». Considerou, ainda, que «a campanha contra os cidadãos palestinianos de Israel é gémea da continuada e persistente campanha de colonização da Cisjordânia, incluindo de Jerusalém Oriental, e de bloqueio sobre a Faixa de Gaza».

«O PCP expressa a sua solidariedade com o povo palestiniano e reitera a sua posição de defesa do seu direito à edificação do Estado da Palestina, livre, independente, soberano e viável, nas fronteiras anteriores a 1967 e com capital em Jerusalém Leste», conclui-se no texto.

Desde 1967, Israel já construiu mais de 230 colonatos na Palestina ocupada. A Comissão para a Questão dos Presos e ex-Presos Palestinianos calcula que, só em Janeiro de 2017, os sionistas tenham detido cerca de 600 pessoas na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Leste (sobretudo), incluindo 128 crianças e 14 mulheres.

Desde Agosto de 2015, pelo menos 280 palestinianos foram mortos por militares israelitas durante protestos contra a ocupação e as demolições de casas palestinianas, entre os quais numerosas crianças e adolescentes. Centenas ficaram feridos.

 



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