China na mira de Trump

A República Popular da China advertiu o futuro presidente dos EUA de que não está disposta a negociar a sua integridade territorial e de que a quebra do consenso relativamente à sua soberania sobre a ilha de Taiwan terá graves consequências nas relações bilaterais entre os dois países.

«Apelamos a que o novo líder e o governo dos EUA estejam bem cientes da seriedade da questão de Taiwan, e a que prossigam com o princípio de “uma só China”», afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang.

Desde que Pequim e Washington restabeleceram as relações diplomáticas, em 1979, as sucessivas administrações norte-americanas cumprem com o não reconhecimento oficial de Taiwan, província que o Estado chinês pretende que regresse à sua alçada através de um processo de reunificação pacífica. A China não hesitará, no entanto, em usar a força caso um qualquer governo da ilha declare a independência, tem alertado.

A questão voltou a estar na ordem do dia depois de Donald Trump ter falado ao telefone com a presidente de Taiwan, quebrando o protocolo diplomático que vinha sendo observado na Casa Branca. Os ânimos ficaram ainda mais acirrados posteriormente, quando o próximo chefe de Estado e de governo dos EUA contestou publicamente a política de «uma só China».

Em entrevista a uma cadeia de televisão, Donald Trump disse que só admite respeitar aquele princípio caso venha a alcançar com a China «um acordo sobre outras coisas, incluindo no comércio».

Já esta segunda-feira, 12, a China pediu à Organização Mundial do Comércio (OMC) que accione o mecanismo de resolução de disputas por incumprimento dos compromissos assumidos pelos EUA e a UE há 15 anos, aquando da entrada do país na organização.

Pequim considera que Bruxelas e Washington tardam em reconhecer a China como economia de mercado somente para poderem aplicar, injustificadamente, defende, medidas antidumping [dumping é a exportação de um produto ou serviço a um preço inferior ao de referência no mercado do país exportador ou ao seu preço de custo, o que ocorre normalmente com recurso à subsidiação da produção e tem como objectivo desbaratar a concorrência além fronteiras].

Traficar o princípio de «uma só China» numa hipotética mesa de negociações sobre «outras coisas» é uma ideia que Donald Trump tem repetido. No passado dia 9, durante um comício no Iowa, acusou a China de não respeitar «as regras do jogo» e advertiu que consigo na Casa Branca «chegou o momento de o fazerem».

Donald Trump aproveitou ainda a ocasião para surgir ao lado do seu escolhido para novo embaixador dos EUA na República Popular da China, Terry Branstad, governador daquele estado e tido como um homem do círculo de amizades do presidente chinês, Xi Jinping.

 



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