Jornadas Parlamentares do PCP, no Porto

O «pincel de fogo» de Miró

JC

A ida à exposição de Joan Miró, patente desde o início deste mês no Museu de Serralves, foi um dos pontos fortes do programa de reuniões e visitas realizadas no âmbito das Jornadas.

Realizando-se estas no Porto, dir-se-ia obrigatório não perder o ensejo de conhecer uma parte significativa da obra do pintor catalão – em exposição estão 78 quadros dos 85 que compõem a colecção que é hoje património do Estado português e que finalmente pode ser vista por todos –, conhecida como é a posição de sempre do PCP de intransigente defesa de uma política de apoio efectivo às Artes e à Cultura.

Na manhã desta segunda-feira, ainda antes mesmo do início formal das Jornadas, foi com cordialidade e grande simpatia que a delegação do PCP, acompanhada dos jornalistas, foi recebida em Serralves por responsáveis máximos da Fundação, incluindo a presidente do conselho de administração, Ana Pinho, e pela coordenadora do Centro Educativo, Denise Pollini.

Coube a esta, aliás, com grande entrega e competência, ser a guia que ajudou os visitantes a melhor conhecer e compreender os trabalhos que compõem esta «Joan Miró, Materialidade e Metamorfose», num percurso que vai de 1924 a 1981, abrangendo praticamente toda a sua actividade artística.

O trabalho de um artista que soube «materializar o espírito do tempo», que soube incorporar nas suas obras múltiplos materiais, explorando-os, sem medo, com novas técnicas (o fogo, por exemplo), e que, como fez nas peças em tapeçaria, «extrapolou a bidimensionalidade». E ao não ter medo das experimentação, como foi dito, assumiu um claro «desafio aos conservadores». Foi esta obra representativa de um percurso de seis décadas de intensa criação artística de Miró que todos puderam apreciar, naquele exemplar único de arquitectura Art Déco, dos anos 30, que é a Casa de Serralves, onde, também pela sensibilidade do projecto expositivo de Álvaro Siza Vieira, se estabelece um diálogo perfeito entre a arquitectura do edifício e a geometria, a plasticidade dos elementos e a inovadora linguagem de símbolos que Miró desenvolveu.

No final da visita, João Oliveira considerou que a exposição das obras de Miró é corolário de um «processo moroso, exigente, para evitar que a colecção fosse vendida pelo governo, pela calada, ao estrangeiro».

Exposição que disse ter um «valor inestimável», porquanto, «independentemente do valor que as leiloeiras possam atribuir a estas obras, nada se compara ao valor que representa o estarem acessíveis à fruição do povo português, ao próprio estudo da comunidade académica e artística».

Ter travado o processo de venda, mantido as obras no País, feito esta exposição de Miró e possibilitado a sua presença na Casa de Serralves comprova, ainda, na perspectiva do líder parlamentar comunista, o «crime que teria sido a sua alienação, em vez de a colocar ao serviço do povo e do direito à fruição cultural».

 



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