Futuro incerto
Numa pergunta endereçada ao Ministério do Trabalho, a deputada Carla Cruz questionou o Governo acerca das medidas que este pretende tomar para solucionar o problema dos antigos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que a partir do próximo ano ficarão privados do direito ao subsídio de desemprego. Perto de uma centena são «novos para a reforma mas velhos para que as empresas os contratem», havendo ainda um conjunto significativo de trabalhadores que em virtude da idade poderão aceder à reforma antecipada por serem desempregados de longa duração, mas «ficarão sujeitos a cortes nas pensões».
Muito embora vários destes trabalhadores tenham já um longa carreira contributiva, a nova lei não leva este factor em linha de conta, o que faz com que a esmagadora maioria deles não possa sequer aceder ao subsídio social de desemprego. Avinham-se, portanto, «situações dramáticas para centenas de ex-trabalhadores [dos Estaleiros] e suas famílias». A deputada do PCP eleita pelo círculo eleitoral de Braga lembra ainda que passados três anos sobre a decisão do anterior governo PSD-CDS de liquidar a empresa, é grande a incerteza vivida por estes trabalhadores, que relataram isso mesmo a Carla Cruz numa reunião realizada no dia 9 de Setembro. As promessas do governo PSD-CDS quanto à criação de 400 postos de trabalho, o apoio aos trabalhadores com familiares com deficiência ou eles próprios com incapacidade permanente para o trabalho, não passaram disso mesmo, promessas.
Carla Cruz recorda ainda o continuado desinvestimento a que os Estaleiros de Viana, enquanto empresa pública, foram votados por sucessivos governos, particularmente pelo anterior, a quem acusou de ter optado por privatizar a empresa através de um processo de subconcessão que levou ao despedimento de 600 trabalhadores.