«Sigamos o cherne»
Era este o poema surrealista de Alexandre O'Neill que Margarida S. Uva adesivou ao marido, que agora se passou a chamar José Manuel D. Barroso de Bilderberg e Goldman Sachs.
Sem ofensa, mas este nome fica mais apropriado ao seu percurso e tem um élan de «sangue azul», que ilustra soirés de nobreza defunta e grande burguesia reinante, que, enquanto classe, caminha também para a «morte anunciada» e inevitável, e que, como na crónica de Garcia Marquez, só ela finge não ver.
Da nomeação de D. Barroso para o Comité Directivo Bilderdberg, dito «governo mundial» secreto do grande capital, e para Chairman do Banco Goldman Sachs (BGS), «lula-vampiro da humanidade», como disse a revista Rolling Stone, conclui-se que o poder político, em Portugal, na UE e no sistema, está refém de interesses financeiros que decidem em seu proveito, e que o fundamental para os trabalhadores e o povo é alargar a luta contra a submissão, por uma política patriótica e de esquerda e por uma sociedade sem exploração nem opressão.
Mas importa também seguir o mergulho do cherne nas águas mais negras do sistema – do MRPP ao PSD, de amigo dos podre-de-ricos da festa dos Pereira Coutinho a primeiro-ministro do PSD/CDS, da cimeira das Lajes da guerra e recolonização do Iraque a presidente da Comissão Europeia, de Bilderberg e mais vinte institutos de formatação ideológica imperialista ao BGS.
E importa perceber que, não lhe sendo conhecidas qualidades extraordinárias que possam justificar este percurso, será necessário elencar outras razões.
O reconhecimento pelos serviços prestados e potencialidades futuras, é o que se depreende da nota do BGS sobre a «experiência... e a capacidade de aconselhamento que irão acrescentar muito valor», seja nos negócios da guerra, na contratação do Banco para assessorar privatizações, no negócio e na armadilha da dívida e do roubo brutal de gregos e portugueses, na recapitalização da Banca, na tentativa de assalto à CGD e na grande operação de encher os cofres com o Brexit.
Assim funcionam as instâncias informais de decisão mundial do capital financeiro como o Bilderberg e os bancos de dimensão mundial como o BGS. E foi para isso que D. Barroso adquiriu qualificações e adeptos. Contra os interesses do País e dos povos da Europa e do Mundo.