As tropas de Schauble

Carlos Gonçalves

Wolfgang Schauble, «tesoureiro da UE», apologeta da «prioridade total à estabilidade financeira» e «líder do naufrágio» anunciado do Deutsche Bank (que segundo o FMI é o maior risco sistémico mundial), é um famigerado «democrata cristão» da Baviera, envolvido em corrupção confessa, antigo chefe de gabinete do chanceler Kohl, ministro do Interior e cônsul da (des)integração da RDA e, desde 2005, ministro das Finanças de Merkel.

A sua biografia está eivada de provocações e ameaças «rosnadas» e concretizadas contra tudo o que mexa na UE sem autorização (sua e dos interesses financeiros), ou que, em qualquer momento, tenha um assomo de defesa de interesses nacionais.

Basta lembrar que ameaçou a Grécia de expulsão do euro – pretexto para que o seu governo ajoelhasse – e que agora assume a chantagem do directório da UE contra o nosso País – falando de um novo «resgate», isto é, de mais um roubo dos grandes bancos da UE ao povo português – para somar à promessa de sanções, cortes de «fundos estruturais» e medidas punitivas várias, para impor a reversão da política actual e da posição conjunta de PS e PCP, para recentrar a política de concentração de riqueza e acautelar veleidades de soberania e desenvolvimento.

Em Portugal, estão nesta batalha as tropas do ministro alemão para impor ao País que ande «às arrecuas». Uns agem como armas (waffen) de Schauble, não hesitando no terror – D. Barroso dizendo que a Alemanha «é o único país que tem valorizado a Europa», S. Tavares atacando o «inimigo interno», C. Lourenço apontando um resgate de trinta mil milhões e, mais o Saraiva do Sol, exigindo sanções já!

Outros – P. Coelho, A. Cristas e Cia –, dizem-se contra as sanções, mas de facto apoiam Schauble e os interesses estrangeiros, escondem a chantagem e exigem o regresso da «credibilidade» do esbulho, sem freio nem vergonha. E o Presidente M. R. Sousa, com cuidado, vai fazendo um caminho semelhante.

E no auge deste ataque contra os interesses do povo e do País avança a desestabilização e o assalto à Caixa Geral de Depósitos, o único banco público e nacional – coincidências!

Para os trabalhadores e o povo, este é um tempo de esclarecimento e luta em defesa da soberania e dos interesses nacionais, por uma política patriótica e de esquerda.




Mais artigos de: Opinião

Ainda as sanções

O alarido que, mais ou menos justamente, fez correr, nos últimos dias, rios de tinta na comunicação social portuguesa merece, para lá de abordagens mais profundas, três anotações que cabem neste espaço de opinião. Parece, em primeiro lugar e para...

Se cá nevasse...

A vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque teve a semana passada um inesperado ataque de sinceridade que me deixou, confesso, de queixo caído. É certo que se tratou de uma verdade de La Palice, uma autêntica lapaliçada, como soe dizer-se, mas ainda assim não deixa de...

Festa única

Estamos já a menos de dois meses da Festa do Avante!, numa fase essencial e decisiva da sua preparação, onde, entre os múltiplos aspectos que concorrem para a sua realização, assumem particular importância a participação na construção da Festa com a mobilização para as jornadas de trabalho e a sua divulgação, promoção e a venda da EP.

O <i>Brexit</i> e a NATO

Eles estão surpreendidos e desorientados. O grande capital financeiro sofreu na Grã-Bretanha uma derrota histórica. As ingerências e pressões de todo o tipo sobre o povo britânico fracassaram. Nem o vergonhoso acordo da União Europeia com Cameron contra os direitos dos...

Hão-de ir longe...

O novo entretém do comentário português e arredores (entendendo-se por arredores a Europa de que somos o rosto, como dizia Pessoa) é a «decisão de Bruxelas» sobre o «castigo» a aplicar, ou não, a Portugal e Espanha por «défice...