Eles andam aí!
Acantonam-se na fronteira à espera da primeira oportunidade de atacar, estão protegidos atrás dos muros de vetustas e credíveis instituições, exibem títulos e experiências (quase sempre mal sucedidas, como o mundo pode comprovar), mostrando-se sempre disponíveis para dizer das suas razões, dizendo quase sempre, e há muito tempo, o mesmo.
São os Reformeiros. Vêm dos lados da Europa, da Comissão Europeia e do BCE , mas também do outro lado do mundo do FMI, da OCDE ou dos G7, G8, G20, e mais o que quiserdes. Vêm de longe, mas têm os seus pupilos em território nacional, instalados nos governos e em certas oposições.
Enchem a boca de reformas estruturais e falam das reformas do Estado, da Justiça, da Segurança Social, das Leis Laborais, das Leis Eleitorais, da Constituição.
Esta semana aí vieram de novo, com Mario Draghi como figura de proa. Veio, no seu papel de Reformeiro Maior da Confraria, dizer ao nosso povo que tudo o que sofremos – os sacrifícios, a exploração, os roubos – não é ainda suficiente.
Veio dizer o que já se esperava, que o que foi feito pelo anterior governo foi muito bem feito e que é preciso não parar a «Agenda Reformista» pois falta ainda, pelo menos, a Reforma das leis laborais e da Constituição.
Compreende-se. Eles, os Reformeiros, não compreendem, não aceitam, e, de todo, não perdoam que em Portugal tenha havido uma Revolução, que abriu as portas a transformações progressistas, revolucionárias (passe o pleonasmo) que inverteu a distribuição da riqueza no nosso País, que garantiu a superação de crónicos atrasos de décadas a que o fascismo condenou o País, que assegurou um país com amplas liberdades e com um sistema democrático ímpar no contexto Europeu.
E por isso querem prosseguir a destruição dessas conquistas, processo em que estão empenhados desde o momento em que elas foram alcançadas.
Apostados que estão em atacar a crise com a mesma receita de sempre, mais exploração e maior concentração da riqueza, os Reformeiros põem tanto mais empenho na sua conversa da treta, quanto mais firme é a resistência dos povos e das forças consequentes em cada país.
É por isso que não nos largam a porta!