Mobilização contra a NATO
O lançamento de uma campanha pela dissolução da NATO, aquando da cimeira de Julho na Polónia, foi uma das principais conclusões da reunião da Região Europa do Conselho Mundial da Paz, que se realizou no fim-de-semana em Almada.
A dissolução da NATO continua a ser uma prioridade
Foi na Casa da Cerca, com uma magnífica vista sobre o Tejo e Lisboa, que os representantes de 10 movimentos da paz da Europa e a presidente do Conselho Mundial da Paz, a brasileira Socorro Gomes, estiveram reunidos durante dois dias a apreciar os mais relevantes aspectos da situação internacional e a decidir acções conjuntas e formas de reforçar o movimento da paz no continente europeu. Acolhida pelo CPPC, que é coordenador para a Europa do Conselho Mundial da Paz, a reunião ficou marcada pelo lançamento de uma campanha contra a NATO, a propósito da realização de uma cimeira da organização em Varsóvia, no Verão.
No «Apelo às organizações e activistas na Europa defensores da causa da Paz», emanado desta reunião, denuncia-se a NATO como a «maior e mais perigosa organização militar no mundo» e como um «instrumento das políticas económica e externa norte-americana» que tem na União Europeia o seu «pilar europeu». O alargamento a Leste, a vasta rede de bases militares, esquadras navais, sistemas «anti-míssil» e de vigilância global, o aumento das despesas militares e as sucessivas agressões que os seus membros promovem fazem da NATO a «principal ameaça à Paz na Europa e no mundo», lê-se ainda no documento.
Certos de que a guerra «não é inevitável» e de que as forças da paz e os povos «têm uma palavra a dizer», o Conselho Mundial da Paz apela à realização de «acções contra a NATO, pela dissolução deste bloco político-militar, pelo respeito do direito de cada povo a decidir da desvinculação do seu país desta organização militar». O CMP aponta os dias 8 e 9 de Julho, data da realização da cimeira, para esta «mobilização global contra a NATO».
Na reunião dos movimento da paz da Europa – na qual participaram organizações da Alemanha, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, República Checa, Turquia e Portugal – foram ainda aprovadas posições exigindo a abolição de todas as armas nucleares e de solidariedade com o Brasil, Cuba e os prisioneiros saarauís que se encontram há várias semanas em greve de fome.
Ampliar a luta pela paz
À margem da reunião, realizou-se no mesmo local o seminário «A actualidade da luta pela Paz». Na mesa, a lançar o debate, estiveram os presidentes da Direcção Nacional do CPPC, do Conselho Mundial da Paz e da Câmara Municipal de Almada, respectivamente Ilda Figueiredo, Socorro Gomes e Joaquim Judas, que sublinharam a importância de unir vontades e mobilizar amplos sectores sociais para a luta pela paz, o desarmamento e a solidariedade.
Nas três intervenções de abertura, como noutras proferidas por dirigentes e activistas do CPPC e outros combatentes pela paz, alertou-se para os perigos existentes para a paz e segurança internacionais, denunciou-se a acção belicista e militarista dos EUA, da UE e da NATO e destacou-se a necessidade de defender direitos individuais e colectivos, ameaçados pela «deriva securitária» em vários estados europeus a propósito do estafado argumento do «combate ao terrorismo».
A necessidade de alargar o debate público em torno das questões da paz, da soberania e do desarmamento e as acções do CPPC relativas à «Educação para a Paz» e as linhas de acção do movimento da paz para o futuro imediato também estiveram em destaque. Emotivo foi o contributo do representante da Frente Polisário em Portugal, Ahmed Fal, que agradeceu a constante solidariedade do CPPC e do movimento da paz português à luta do povo saarauí contra a ocupação de Marrocos e pela independência do seu Estado. A fechar, o presidente da Câmara Municipal de Almada reafirmou a disponibilidade do município para acolher iniciativas do movimento da paz, cuja importância enalteceu.
Antes do seminário, o CPPC realizou uma assembleia, que aprovou as contas e o relatório de actividades de 2015.