Sem emenda, sempre!

Carlos Gonçalves

Passos Coelho avançou na «recandidatura» a líder do PSD, com o slogan «social-democracia, sempre!»; é a saída possível do directório dos barões para não «abrir falência» e por isso se afirmou «preparado para voltar a ser primeiro-ministro».

Dias antes, P. Portas disse que não continua como chefe do CDS-PP, salta do barco naufragado para um projecto de empresário, comentador e putativo candidato a PR, daqui a dez anos (copiando MRS), e para amenizar as «conotações negativas» indigitou a «solução simpática» de A. Cristas.

Estes desenvolvimentos, de sentido diverso, são expressão do mesmo «problema» do PSD e CDS, agora divorciados por conveniência, mas comprometidos a juntar os trapinhos mais adiante, se e quando tiverem oportunidade e for útil aos grandes interesses que servem.

O «problema» é a derrota que sofreram nas legislativas de 4 de Outubro, o seu afastamento do governo e a formação e exercício de um Governo PS, na base da iniciativa do PCP e da posição conjunta PS-PCP, que abriu caminho à inversão da política dos últimos anos. O «problema» são as medidas positivas para os trabalhadores e o povo, que sendo insuficientes – porque são decididas por um Governo PS, incapaz de enfrentar as imposições externas –, tornam mais claro que é possível e necessária a ruptura efectiva com a política de direita e uma política patriótica e de esquerda para o País.

E nem mesmo a eleição de um «Cavaco a cores» para PR afasta o «problema» que o 4 de Outubro trouxe ao PSD e CDS.

Sem emenda, procuram reverter a política de exploração, empobrecimento e declínio nacional. A mistificação do «reajustamento» de imagem e do discurso de «moderação», «social-democrata» ou «centrista», visa apenas a manipulação de hesitantes nesse percurso.

E sempre o anticomunismo como arma dilecta desse plano, por todos os meios possíveis – ocultação, mentira e intoxicação mediática e do seu «fantasma propagandístico», ameaças e repressão se puderem –, aí estarão em força em todo este 2016 do nosso XX Congresso.

Vendidos à troika, aos bancos e especuladores, subservientes às imposições de Bruxelas e dispostos a tudo para explorar e estrangular direitos dos trabalhadores e do povo, como agora se (re)comprovou no Orçamento do Estado. Sem emenda, sempre!




Mais artigos de: Opinião

Coro dos inconformados

Quando Assunção Cristas, irrevogável sucessora de Portas no CDS, veio bradar de entusiasmo, aquando das primeiras ameaças de Bruxelas perante o Orçamento do Estado, que se iria passar «do sonho rosa avermelhado para um estado de pesadelo», melhor se percebeu o mote do...

Luta pela limitação<br>da jornada de trabalho

Em 1866 a 1.ª Internacional, no Congresso de Genebra, consagra a reivindicação das 8 horas de trabalho diário. O Congresso Operário americano, que decorreu em simultâneo, aprova idêntica reivindicação. Uma reivindicação inteiramente actual. Mais...

Soros contra China

George Soros investiu contra a China no Fórum Económico Mundial de Davos, reunido em Janeiro na estância suíça. Pegando num tema já viral na agenda mediática corporativa global, o agiota bilionário declarou que o cenário de «aterragem violenta é...

A luta, sempre

«Eu não ia investir numa empresa pública», sentenciou David Nieeleman, o brasileiro das jogatanas aéreas que adquiriu de mão-beijada a TAP, que o ex-primeiro-ministro Passos Coelho lhe passou – em estertor demissionário – por tuta e meia, num negócio de...

Mais direitos, mais futuro<br>– não à precariedade

Baixos salários, precariedade, desemprego, emigração forçada, desregulação dos horários, retrocesso nos direitos são realidades que marcam a vida dos trabalhadores nos últimos anos. Elas convivem em paralelo com os colossais lucros dos grupos económicos e financeiros e o saque dos recursos nacionais que, através das privatizações e dos juros da dívida, levam a riqueza produzida pelos trabalhadores, que deveria contribuir para melhorar os seus salários e direitos e para o desenvolvimento do País.