95 anos de uma vida cheia
Jaime Serra comemorou o seu 95.º aniversário junto dos seus camaradas, num convívio realizado no dia 27 no refeitório da Soeiro Pereira Gomes. Entre os presentes encontravam-se alguns dos seus familiares mais próximos (desde logo a companheira Laura Serra), o Secretário-geral Jerónimo de Sousa e outros dirigentes do Partido.
A José Capucho, do Secretariado, coube fazer uma intervenção acerca da vida e do percurso militante de Jaime Serra, que considerou desde logo um exemplo «do que foi a luta heróica dos trabalhadores e do Partido contra o fascismo, pelas liberdades e pela democracia, até aos dias de hoje, vivendo vitórias e derrotas, avanços e recuos, nunca desistindo, sempre com a convicção nos ideais e valores dos nossos objectivos programáticos e do nosso objectivo supremo». O trabalho na construção civil aos 12 anos, a primeira prisão aos 15 (por distribuir o Avante!), a passagem à clandestinidade em 1947, as três prisões e as outras tantas fugas, a passagem de Agostinho Neto e Vasco Cabral para África e a responsabilidade pela Acção Revolucionária Armada (ARA) foram aspectos sublinhados pelo dirigente do Partido.
José Capucho sublinhou ainda as responsabilidades que Jaime Serra assumiu após o 25 de Abril, nomeadamente a de membro da Comissão Política, da Comissão Central de Controlo e Quadros, da Comissão Central de Controlo e da Comissão Administrativa e Financeira. Foi deputado à Assembleia Constituinte e, até 1983, à Assembleia da República. Escreveu três livros, publicados pela Editorial Avante!: «Eles têm o direito de saber», «As explosões que abalaram o fascismo» e «O abalo do poder».
Salientando o «exemplo» e o «testemunho vivo de que vale a pena lutar» que o percurso de Jaime Serra sem qualquer dúvida representa, o membro do Secretariado destacou as importantes tarefas que estão colocadas ao colectivo partidário, ao nível da intensificação da luta de massas e do reforço da organização e intervenção do Partido.
Emocionado e visivelmente feliz com a homenagem que lhe estava a ser prestada, Jaime Serra deixou aos presentes umas breves – mas significativas – palavras, reveladoras de um comunista que, por o ser, não deixa nunca de olhar para o futuro: «Permitam-me que agradeça à Direcção do Partido ter tomado a decisão de comemorar com esta iniciativa o meu 95.º aniversário assim como agradecer a todos os camaradas aqui presentes a honra que me deram com a sua presença. Com 95 anos de idade, tenho 80 anos de actividade revolucionária, pois fui preso pela primeira vez, pela polícia fascista, com apenas 15 anos, no decorrer duma tarefa do Partido.
Ao longo destes 80 anos, quer durante a ditadura fascista quer depois do 25 de Abril, sempre acompanhado pela minha dedicada companheira, a camarada Laura Serra, aqui presente, desempenhei as tarefas mais variadas e da maior responsabilidade com a maior dedicação. Enfim, chegámos aos dias de hoje e a luta continua. Felizmente que as novas gerações, de homens e mulheres que enriquecem hoje as fileiras do Partido, dão continuidade à nossa luta em defesa dos interesses do nosso povo, dos trabalhadores e por uma democracia avançada a caminho do socialismo e pelo comunismo.»