A azia das avantesmas
A experiência e o saber colectivo de séculos de grandes batalhas pela emancipação dos trabalhadores e dos povos demonstram à exaustão o ódio brutal das classes dominantes contra quaisquer avanços, por pequenos que sejam, de liberdade, democracia e justiça social.
Mesmo assim, importa registar a virulência da resposta que, nos sectores sociais e políticos mais conservadores do País e nos congéneres da UE e USA, se abateu sobre a solução democrática e constitucional da crise política, inventada pelo PR Cavaco, após a grande derrota do PSD/CDS nas eleições de 4 de Outubro.
A dimensão dessa derrota era inimaginável para os barões do grande capital e do PSD/CDS, para as elites e os escribas de aluguer, dada a meticulosa e revelha manipulação das «eleições para primeiro-ministro», a incapacidade do PS em dar corpo e credibilidade a uma alternativa à (também sua) política de direita, a lavagem de cérebros anticomunista e o condicionamento ideológico de séculos de dominação, a compra de consciências e o oportunismo de encomenda, a coacção social, a repressão e a manipulação mediática arrasadora.
O pior, para as avantesmas que há quase quarenta anos governam isto tudo, é que o Governo PS, agora em início de funções, só veio mesmo a existir porque o PCP o propôs e tornou possível. De início, nem o PS, nem qualquer comentador ou irrelevância política, foram sequer capazes de conceber a sua génese.
Face ao que viria a ser este Governo, não «de esquerda», mas tão só do PS, formado na base da «Posição conjunta do PS e do PCP» para «assegurar a interrupção do rumo prosseguido pelo anterior governo», valeu tudo – da mentira colossal da «vitória do PSD/CDS», à golpada, em forma tentada, de novas eleições, à subversão constitucional cavaquista, em conflito com os resultados eleitorais, e à chantagem do capital financeiro e dos «aliados».
E está aí o inenarrável cortejo de azias e vómitos de todas as aventesmas, mesmo os «desalinhados», M. Sousa Tavares e C. Ferreira Alves, ou os F. Assis do PS, porque a vida confirma que de facto é possível derrotar os grandes interesses – agora com a simples entrada em funções deste Governo, mas sobretudo porque assim se afirma o rumo inevitável para a alternativa patriótica e de esquerda, a democracia avançada e a transformação social.