Que viva Outubro!

Ângelo Alves

O Mundo mostra-nos a ac­tu­a­li­dade e va­li­dade do ideal co­mu­nista

Passam 98 Anos sobre a Re­vo­lução So­ci­a­lista de Ou­tubro, o maior acon­te­ci­mento re­vo­lu­ci­o­nário do Sé­culo XX. A dois anos de co­me­mo­rarmos o cen­te­nário desse ex­tra­or­di­nário acon­te­ci­mento é tempo de re­alçar o im­pres­si­o­nante im­pacto que a Re­vo­lução So­ci­a­lista teve para o povo russo, para os povos da­quela que viria a ser a União das Re­pú­blicas So­ci­a­listas So­vié­ticas e dos países so­ci­a­listas no Leste eu­ropeu, e para os tra­ba­lha­dores e povos de todo o Mundo. A Re­vo­lução de Ou­tubro foi a trans­for­mação em força ma­te­rial, em acon­te­ci­mento con­creto, em rup­tura re­vo­lu­ci­o­nária e em pro­gressos ex­tra­or­di­ná­rios, da te­oria re­vo­lu­ci­o­nária de Marx e Lé­nine. Mas não só. Ela pos­si­bi­litou um en­ri­que­ci­mento ex­tra­or­di­nário do mar­xismo, como aliás a obra de Lé­nine o com­prova e ele pró­prio su­blinha quando afirma que não existe te­oria re­vo­lu­ci­o­nária sem prá­tica re­vo­lu­ci­o­nária.

Mas a Re­vo­lução de Ou­tubro fez mais ainda. Levou o tes­te­munho e o exemplo da Re­vo­lução So­ci­a­lista e das suas con­quistas a todo o Mundo, fa­zendo com que num cur­tís­simo es­paço de tempo a te­oria re­vo­lu­ci­o­nária do mar­xismo-le­ni­nismo che­gasse a vá­rios con­ti­nentes, ins­pi­rando re­vo­lu­ci­o­ná­rios a as­su­mirem a ta­refa his­tó­rica de fazer nascer par­tidos co­mu­nistas em de­zenas de países. Assim foi também com o nosso Par­tido nas­cido em 1921. Mas a sua im­por­tância vai muito para lá do seu exemplo e im­pulso na for­mação do Mo­vi­mento Co­mu­nista In­ter­na­ci­onal. Ela inau­gurou um novo pe­ríodo his­tó­rico, foi o início de um pro­cesso de cons­trução do novo. Co­me­morar Ou­tubro é por isso re­lem­brar a pá­tria dos ope­rá­rios e cam­po­neses – a URSS –, é re­cordar o pri­meiro De­creto da Paz, a trans­for­mação de um país semi-feudal numa po­tência eco­nó­mica em que o seu povo co­nheceu con­quistas eco­nó­micas, so­ciais, po­lí­ticas e cul­tu­rais iné­ditas na His­tória da Hu­ma­ni­dade. É re­lem­brar que, como re­feriu o ca­ma­rada Álvaro Cu­nhal, a URSS se trans­formou «na se­gunda pá­tria dos tra­ba­lha­dores dos países ca­pi­ta­listas», de­vido ao in­can­sável apoio, po­lí­tico e ma­te­rial, que deu às suas lutas pelos di­reitos so­ciais e la­bo­rais, pela li­ber­dade e a de­mo­cracia e contra o co­lo­ni­a­lismo. É lem­brar o con­tri­buto de­ci­sivo do exér­cito e povo so­vié­ticos na der­rota do nazi-fas­cismo.

O le­gado da Re­vo­lução de Ou­tubro é imenso. Ao as­sumir a cons­trução de uma so­ci­e­dade e de um Es­tado so­ci­a­lista os co­ra­josos e ge­niais re­vo­lu­ci­o­ná­rios russos ti­veram de en­frentar pro­blemas novos numa si­tu­ação iné­dita. A te­oria re­vo­lu­ci­o­nária foi cons­truída numa ín­tima re­lação di­a­léc­tica com a ex­pe­ri­ência re­vo­lu­ci­o­nária con­creta. É por isso obri­ga­tório su­bli­nhar o papel do «actor» prin­cipal da Re­vo­lução so­ci­a­lista – o povo – ao mesmo tempo que se exalta o papel da sua van­guarda e dos seus di­ri­gentes, como Lé­nine, que teve um papel cru­cial no de­sen­vol­vi­mento teó­rico do mar­xismo no­me­a­da­mente na iden­ti­fi­cação do pe­ríodo his­tó­rico do im­pe­ri­a­lismo, na te­o­ri­zação sobre a de­mo­cracia e o papel do Es­tado na tran­sição do ca­pi­ta­lismo para o co­mu­nismo, e na de­fi­nição do Par­tido de novo tipo, ele­mento es­sen­cial e cen­tral para o su­cesso da Re­vo­lução de Ou­tubro.

Pas­sados 98 anos, e apesar de erros, des­vios e der­rotas das pri­meiras ex­pe­ri­ên­cias de cons­trução do so­ci­a­lismo, o Mundo mostra-nos a ac­tu­a­li­dade e va­li­dade do ideal co­mu­nista e, de forma cada vez mais evi­dente, a ne­ces­si­dade his­tó­rica de pôr fim à ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e dos povos e cons­truir, por di­fe­rentes etapas e ca­mi­nhos, a al­ter­na­tiva ao ca­pi­ta­lismo – o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo.

Co­me­mo­ramos o ani­ver­sário da Re­vo­lução de Ou­tubro num mo­mento muito es­pe­cial da si­tu­ação por­tu­guesa, que de­monstra como a luta de classes con­tinua viva e in­tensa e como o papel do Par­tido Co­mu­nista é de­ter­mi­nante para o de­sen­vol­vi­mento da luta em de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País. Pas­sados 98 anos di­zemos com or­gulho que o PCP, li­gado às massas, re­for­çando a sua or­ga­ni­zação, as­su­mindo-se como um Par­tido de van­guarda em que os tra­ba­lha­dores e o povo podem con­fiar, cumpre com o seu dever his­tó­rico, de passo a passo, etapa a etapa, pros­se­guir a luta pela «terra sem amos».




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