Dinamarqueses protestam
Cerca de 30 mil estudantes, professores e pessoal não docente manifestaram-se, dia 29, nas duas principais cidades do país, contra os cortes no sistema público de Educação.
Cortes ameaçam empregos e qualidade do ensino
Em Copenhaga, capital do país, as ruas encheram-se de jovens empunhando cartazes com a inscrição «Nej, tak» (Não, obrigado!) e gritando palavras de ordem contra os cortes orçamentais anunciados pelo governo de direita.
O protesto, que terminou junto ao parlamento, foi convocado pela «Aliança da Educação», plataforma integrada por mais de 30 associações de estudantes e organizações académicas.
No âmbito da jornada, apoiada pelos sindicatos, nomeadamente, as estruturas da Federação dos Trabalhadores Dinamarqueses (3F), mais de dez mil pessoas manifestaram-se também em Aarhus, a segunda maior cidade da Dinamarca.
O governo pretende reduzir o financiamento do sistema em 8,7 mil milhões de coroas dinamarquesas (1,16 mil milhões de euros), ao ritmo de 2,2 por cento nos próximos quatro anos.
Como único argumento, afirma que o país tem hoje uma despesa per capita em Educação superior a qualquer outra nação.
As organizações de estudantes e professores exigem a revogação dos cortes, lembrando que a Educação sempre foi vista no país não como uma despesa, mas como um investimento.
Notando que a política do actual governo não tem «visão nem perspectiva» alertam que as restrições orçamentais colocarão em risco um em cada dez postos de trabalho no ensino e haverá mais alunos por turma.
Os cortes atingirão tanto o Ensino Secundário como o Superior, mas é nas universidades que os impactos serão mais visíveis, afectando não só a qualidade do ensino como também os projectos de investigação.
Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, relativos a 2011, a Dinamarca era o país que mais percentagem do Produto Interno Bruto destinava para Educação – 7,9 por cento, seguida da Islândia (7,7%) e da Coreia do Sul (7,6%).
Também a classe docente auferia dos mais altos salários, 40 a 50 por cento superiores à média dos países da OCDE.
Porém, o paradigma está a mudar. Desde 2008 que o desemprego aumenta a olhos vistos e não poupa os jovens licenciados. Dados de 2012 indicavam que 7,7 por cento de diplomados com idades entre os 24 e os 35 anos não tinham emprego.