Os «Filipes», a «nobreza» e a democracia

Ângelo Alves

O domínio do Reino de Espanha sobre Portugal – a chamada Dinastia filipina – durou mais de meio século. A perda da independência de Portugal ocorreu na sequência da conturbada crise sucessória de 1580 desencadeada após o desaparecimento de D. Sebastião na derrota militar em Alcácer-Quibir e terminaria em 1 de Dezembro de 1640.

Não sabemos qual a leitura que Mariano Rajoy, primeiro-ministro de Espanha e presidente do PP espanhol, faz desse período, mas as suas reiteradas declarações sobre a situação em Portugal não auguram nada de bom. A última provocação que emitiu sobre o assunto, à saída do Conselho de Ministros (espanhol, sublinhe-se) foi de que «uma governação do PS apoiada pelo BE e pelo PCP representará um retrocesso face aos avanços conseguidos nos últimos anos». Uma grosseira ingerência nos assuntos internos de Portugal, mas não a única. Já no dia 22 de Outubro afirmou que «uma coligação entre o Partido Socialista, o Podemos de lá [Portugal] e o Partido Comunista seria muito negativa para os interesses de todos». Não sabemos quem, para Rajoy são «todos», mas pela sua afirmação do dia anterior de que esperava que «isso não se passe em Espanha e que a lista mais votada possa governar já que (...) foi o que sempre vivemos em Espanha», somos levados a pensar que Rajoy está com um claro problema de dislexia geográfica ou temporal. É que os tempos dos Filipes já lá vão, e Espanha já não dita a «sucessão» em Portugal.

Ou então está só a corresponder aos apelos da «nobreza» da actualidade que andou a vender o País e a empobrecer o povo e que, agora, para se manter no poder a todo o custo, não hesita em apelar à ingerência e chantagem externa contra os portugueses e Portugal, tal como o fez Cavaco Silva. Mas uns e outros devem olhar para a História. É que o domínio filipino terminou com uma revolta cuja imagem mais marcante foi a defenestração de Miguel de Vasconcelos, o secretário de Estado ao serviço dos interesses do estrangeiro e da nobreza vendida. O futuro de Portugal compete aos portugueses, e é com eles que o PCP tem o seu compromisso de honra. Com eles, com a democracia e a soberania. Valores que os «Filipes» e a «nobreza» da actualidade desprezam e pelos vistos não suportam.




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