Pela Paz! Não à NATO!

Pedro Guerreiro

Luta pela paz é mais pre­mente e ac­tual do que nunca

A NATO está a re­a­lizar em Por­tugal, Es­panha e Itália, e até 6 de No­vembro, aquelas que anuncia serem as mai­ores ma­no­bras mi­li­tares nas úl­timas duas dé­cadas. Ma­no­bras que visam po­ten­ciar a ca­pa­ci­dade de in­ter­venção deste bloco po­lí­tico-mi­litar que, di­ri­gido pelos EUA, leva a cabo uma ofen­siva agres­siva na Eu­ropa, no Médio Ori­ente e em África, no quadro da sua es­tra­tégia de mi­li­ta­ri­zação das re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais, de cor­rida aos ar­ma­mentos e de pro­li­fe­ração de focos de tensão, de de­ses­ta­bi­li­zação e de con­flito.

A NATO, re­la­ti­va­mente à qual a União Eu­ro­peia se as­sume como pilar eu­ropeu, é um ins­tru­mento dos EUA para con­frontar todos os que re­sistam à es­tra­tégia de do­mínio mun­dial do im­pe­ri­a­lismo – numa si­tu­ação in­ter­na­ci­onal que con­tinua ca­rac­te­ri­zada pela crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo, por um pro­cesso de re­ar­ru­mação de forças à es­cala mun­dial e pela re­sis­tência e luta dos tra­ba­lha­dores e dos povos em de­fesa dos seus di­reitos, so­be­rania e as­pi­ra­ções.

Des­pre­zando a Carta da ONU e a le­ga­li­dade in­ter­na­ci­onal, es­ca­mo­te­ando os seus inad­mis­sí­veis ob­jec­tivos e ac­ções através da de­sin­for­mação e da ma­ni­pu­lação, a NATO pro­move a in­ge­rência e a guerra e uti­liza a acção ter­ro­rista de grupos xe­nó­fobos e fas­cistas.

De­vendo re­jeitar o seu en­vol­vi­mento em agres­sões a ou­tros povos, Por­tugal deve em­pe­nhar-se na de­fesa da paz, da so­li­da­ri­e­dade e da co­o­pe­ração entre os povos do mundo, con­tri­buindo para afastar a ameaça de ca­tás­trofe para a qual o im­pe­ri­a­lismo quer lançar a Hu­ma­ni­dade – pois a guerra não é ine­vi­tável.

A luta pela paz é mais pre­mente e ac­tual do que nunca. Por isso são de va­lo­rizar o con­junto de ac­ções pro­mo­vidas pelo mo­vi­mento da paz em Por­tugal que, sob o lema «Sim à Paz! Não aos exer­cí­cios mi­li­tares da NATO» e na con­ti­nui­dade da Cam­panha «Paz sim! NATO não!», re­a­li­zada em 2010 , dá ex­pressão à as­pi­ração do povo por­tu­guês à paz.

Le­gí­tima as­pi­ração à paz e prin­cí­pios para a sua con­cre­ti­zação que, por mais que al­guns con­ti­nuem a não aceitar ou pro­curem fazer es­quecer, estão con­sa­grados na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica.

Aliás, é porque de­ter­mina como prin­cí­pios da po­lí­tica ex­terna de Por­tugal a in­de­pen­dência na­ci­onal, a igual­dade entre os es­tados, o res­peito dos di­reitos hu­manos e dos di­reitos dos povos – in­cluindo o di­reito à au­to­de­ter­mi­nação e in­de­pen­dência e ao de­sen­vol­vi­mento, bem como à in­sur­reição contra todas as formas de opressão –, a so­lução pa­cí­fica dos con­flitos in­ter­na­ci­o­nais, a não in­ge­rência nos as­suntos in­ternos dos ou­tros es­tados, assim como a co­o­pe­ração com todos os ou­tros povos para a eman­ci­pação e o pro­gresso da hu­ma­ni­dade, que a Cons­ti­tuição por­tu­guesa, con­se­quen­te­mente, pre­co­niza a abo­lição do im­pe­ri­a­lismo, do co­lo­ni­a­lismo e de quais­quer ou­tras formas de agressão, do­mínio e ex­plo­ração nas re­la­ções entre os povos, bem como o de­sar­ma­mento geral, si­mul­tâneo e con­tro­lado, a dis­so­lução dos blocos po­lí­tico-mi­li­tares e o es­ta­be­le­ci­mento de um sis­tema de se­gu­rança co­lec­tiva, com vista à cri­ação de uma ordem in­ter­na­ci­onal capaz de as­se­gurar a paz e a jus­tiça nas re­la­ções entre os povos.

Rea­fir­mando a sua po­sição de dis­so­lução da NATO, o PCP con­dena a re­a­li­zação das ma­no­bras deste bloco po­lí­tico-mi­litar agres­sivo e apela à par­ti­ci­pação nas ac­ções pro­mo­vidas pelo mo­vi­mento da paz, no­me­a­da­mente no des­file que se re­a­li­zará este sá­bado, em Lisboa.




Mais artigos de: Opinião

 O anunciado fim da PACC

A PACC é uma prova dita de avaliação de conhecimentos e capacidades introduzida no Estatuto da Carreira Docente desde 2007 e imposta aos professores pelo Governo PSD/CDS, que mereceu sempre a contestação firme da FENPROF e motivou muitas lutas dos professores contra a sua...

Luzes e sombras

Por entre as densas brumas criadas pela barragem mediática nos últimos meses à realidade que atinge as condições de vida do povo e a situação do País, vão sendo conhecidas novas medidas que, a confirmarem-se, acentuam o traço mais marcante da...

O atentismo

Diz-se atentismo quando aqueles que deveriam impulsionar a transformação ficam à espera de que essa transformação aconteça sem eles próprios se envolverem, e quando esse próprio envolvimento é condição para que a transformação se...

Das máscaras

A direita está acantonada nos trinta e tal por cento desde a Revolução de Abril. É um score primordial no regime democrático que, nas passadas eleições, retornou à origem e surgiu no «osso» do conservadorismo no nosso País. Quem votou no...

Inquietação e ódio de classe

Vi­vemos sob o im­pacto dos re­sul­tados das elei­ções de 4 de Ou­tubro, num quadro po­lí­tico novo e de de­sen­vol­vi­mento in­certo em que, uma vez der­ro­tadas as lei­turas e os ce­ná­rios da noite elei­toral vi­sando impor a con­ti­nui­dade do Go­verno PSD/​CDS, os po­deres do­mi­nantes de­sen­ca­de­aram uma for­tís­sima cam­panha po­lí­tica e ide­o­ló­gica para im­pedir a in­ter­rupção do ac­tual curso aber­ta­mente re­ac­ci­o­nário e des­truidor.