Crónica de uma derrota anunciada

Carlos Gonçalves

A «Crónica de uma morte anunciada» de Gabriel García Márquez conta a história da morte de Santiago Nasar, que toda a gente em Riohacha sabia que ia acontecer, mas que ninguém conseguiu ou quis evitar e que só o futuro defunto desconhecia, ou fez por ignorar.

Assim está o PSD/CDS. A sua derrota é inevitável no próximo domingo, com desenlace confirmado às 19h00. Nada nem ninguém os pode salvar, nem Coelho-Portas-Cavaco & camarilha, nem o grande capital, que joga tudo na continuação da política de direita – com o Costa do PS, ou a súcia do PSD/CDS.

Como está dito e redito, os mais de 50 por cento que o PSD/CDS obteve nas legislativas de 2011, por maior que seja a desvergonha, a aldrabice e as falsas promessas, são inatingíveis, neste quadro de profundo descrédito. Vão ficar a milhas da maioria e não decidirão do próximo governo. As pretensas «sondagens» (são eles que o dizem) que abrem essa «remota possibilidade» são uma mistificação para tentar colar os cacos do Governo, no contexto da sua derrota anunciada.

As falsas «sondagens» servem para fazer de conta que não sabem do descalabro do próximo dia 4 e para manter o PSD/CDS «ligado à máquina», e servem sobretudo para abichar indecisos, para a bipolarização artificial e para o PS.

PS e PSD/CDS «comem da mesma gamela» da bipolarização imposta a tiro de «barómetro eleitoral» nas televisões e também nisso estão amancebados.

O PSD/CDS instila o medo com o «radicalismo» do PS, que se «pode juntar com o PCP» – sempre o anticomunismo para manipular incautos.

O PS joga tudo no «perigo da direita» e dramatiza as diferenças de cor da gravata, como se o fundamental não fosse o perigo de continuidade da política de direita, que tem como desígnio. O PS semeia o medo com o «radicalismo» da direita, que pode continuar a governar se o povo não votar no PS e apoiar o PCP – outra vez o anticomunismo para manipular hesitantes.

Uns e outros seguem o rumo do medo e do anticomunismo para, juntos ou alternantes, prosseguirem a política de exploração e empobrecimento, de submissão e declínio nacional.

Por isso, 4 de Outubro é dia da derrota anunciada deste Governo e de lutar e votar CDU, para derrotar a política de direita do PS, PSD e CDS, por uma nova política e um Portugal com futuro.




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