Greve anima luta na SPdH
«Uma greve de sucesso exige que a luta continue», destacou o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, após 48 horas de paralisação neste fim-de-semana.
Comprovou-se a força dos trabalhadores e a sua unidade
Com um plenário no dia 28, sexta-feira, e a greve nos dois dias seguintes na SPdH (Groundforce), «juntos demonstrámos a nossa força, que a empresa somos nós e que não iremos desistir até alcançarmos os nossos objectivos». No comunicado que divulgou na segunda-feira, dia 31, o Sitava saudou «todos os trabalhadores que, com a sua determinação e coragem, nos dias 29 e 30 de Agosto demonstraram a sua indignação pelos roubos de que são vítimas por parte da administração».
A greve por «uma merecida revisão salarial» contribuiu para afirmar que «os lucros da empresa não são para ficar nos bolsos de administradores e chefias» e foi também uma demonstração de «solidariedade para com os nossos colegas contratados e subcontratados, sabendo que ao lutarmos pelos nossos direitos estamos a lutar pelos deles».
A participação na luta – decidida durante a jornada de 31 de Julho – tem ainda maior significado, porque foi necessário enfrentar pressões e manobras patronais. «Em dia de greve valeu tudo», mas o sindicato da Fectrans/CGTP-IN vê no desrespeito pela lei a prova de que «a administração teme a força dos trabalhadores». Trabalhadores em folga foram convocados sob pressão para os dias da greve; foi entregue serviço da SPdH a pessoal da TAP e da Portway; funcionários com contrato temporário e a tempo parcial tiveram que laborar 14 horas; pessoal não autorizado pôde entrar pelo terminal de carga; a PSP perseguiu os piquetes de greve com falsas acusações, alegadamente a mando do supervisor do aeroporto; foi permitido estacionamento no reduto TAP, mais próximo, apenas naqueles dois dias; as convocatórias para os serviços mínimos roçaram o ridículo e foram recusadas ao sindicato as listagens com os trabalhadores de serviço nos dias de greve – denunciou o Sitava.
As declarações públicas de porta-vozes da empresa sobre uma «perfeita normalidade» ocultam que «a adesão de 95 por cento em algumas áreas provocou inúmeros constrangimentos». O sindicato afirma que milhares de bagagens ficaram retidas nos aeroportos e houve centenas de atrasos em todas as escalas, mas da administração saíram instruções para evitar o código 98 (atraso devido a greve) nas justificações. «Foram atribuídos atrasos por falta de RH, de TTAE de placa, de OAE, de push-back» ou por «início tardio de embarque, fecho tardio de porta, fecho tardio de porões, chegada tardia de passageiros, tripulação e bagagem, recolha e embarque tardio de UM, retirada e encosto tardio de mangas».
No domingo à noite, um dirigente do Sitava relatou à agência Lusa que, durante essa tarde, no aeroporto de Lisboa, apenas entrou no terminal um trabalhador efectivo dos que estavam previstos; na área de placa a adesão manteve-se nos 90 por cento, subindo para 80 por cento na área de passageiros. Fernando Henriques precisou que «no terminal, temos cerca de 2500 bagagens que não acompanharam o passageiro e o voo respectivo, o que demorará cerca de uma semana, em condições normais, a escoar».
Devido às ilegalidades a que a administração recorreu, para minorar o impacto da greve, o sindicato decidiu apresentar uma queixa-crime, por violação da lei da greve, e uma participação à Autoridade Nacional da Aviação Civil, por violação da segurança aeroportuária. O Sitava desencadeou na segunda-feira a passagem das negociações salariais de 2015 à fase de conciliação, no Ministério do Emprego.
A praga
A situação no aeroporto de Lisboa – onde «temos centenas de trabalhadores com situações de precariedade a ocupar postos de trabalho permanentes» e «temos centenas de trabalhadores a ganharem pouco mais de 500 euros» – foi apontada por Arménio Carlos como um exemplo da «praga do desemprego, da precariedade e dos baixos salários» que «invadiu o País».
O Secretário-geral da CGTP-IN esteve ali com o piquete de greve, no sábado, e lembrou que «o recurso ao trabalho temporário sistemático tem como finalidade manter a precariedade e pressionar os salários para baixo».
Ao início dessa tarde, com os trabalhadores em luta esteve também o deputado Bruno Dias, que expressou a solidariedade do PCP e saudou a unidade e os elevados níveis de adesão à greve.