Os guerreiros da Sonae
Na luta por melhores salários, que se intensificou desde Junho, os trabalhadores da Logística do Continente (Grupo Sonae) na Maia «têm sido verdadeiros guerreiros», destacou o CESP/CGTP-IN.
Os trabalhadores mostram-se determinados e unidos
A afirmação foi feita num comunicado que a direcção regional do Porto do Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal e a sua comissão sindical na empresa divulgaram esta segunda-feira, 31 de Agosto, a confirmar que ontem, às 15 horas, se iria iniciar mais uma série de greves de duas horas por turno. Esta luta, logo após um protesto semelhante que teve lugar entre 26 e 30 de Agosto, «decorrerá até dia 5 de Setembro, caso a empresa não modifique a sua postura de ignorar as reivindicações dos trabalhadores».
O CESP recorda que paralisações deste género têm ocorrido «desde Junho por vontade dos trabalhadores, que nos diversos plenários têm manifestado o seu descontentamento», porque a empresa recusa negociar o caderno reivindicativo (que contempla aumentos salariais de 30 euros e mais cinco por cento no subsídio de alimentação) e prefere «refugiar-se» nas negociações do contrato colectivo da APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição).
Ora, assinala o sindicato, estes trabalhadores ganham pouco mais que o salário mínimo nacional (Arménio Carlos, que esteve dia 28 numa concentração à entrada do pólo logístico da Maia, situou os salários ilíquidos na ordem dos 540 a 560 euros) e foram fortemente prejudicados com a decisão que a empresa tomou, em 2010, de aplicar o contrato da APED.
Os salários dos trabalhadores da Logística não são actualizados «há cerca de cinco anos», mas «a empresa, por acto de gestão, aumentou este ano alguns trabalhadores em 3, 4 e 5 euros, criando um forte sentimento de revolta». Além disso, o Grupo Sonae tem apresentado elevados lucros e tem feito avultados investimentos, «mas os trabalhadores, que contribuem sobremaneira para o crescimento da empresa e a acumulação de riqueza, são pura e simplesmente ignorados».
«Neste período difícil e de grande pressão por parte de algumas chefias», os trabalhadores «estão determinados e unidos para vencer esta batalha», conclui o sindicato.
Piquetes de greve à entrada do complexo logístico foram anunciados pelo CESP para ontem e amanhã, às 15 horas.
Acordo
Após um longo processo negocial entre o CESP (através da Fepces) e as associações comerciais de Coimbra e da Figueira da Foz, foi alcançado acordo para actualização da tabela salarial (em média, mais 1,8 por cento), do subsídio de alimentação (para 2,50 euros) e das diuturnidades (para 13 euros), revelou o sindicato, no início de Agosto. Na Folha Sindical em distribuição aos trabalhadores, assinala-se que o contrato colectivo de trabalho abrange todo o comércio a retalho do distrito de Coimbra, produz efeitos desde 1 de Junho de 2015 e por um ano, aplicando-se cinco dias após a publicação oficial do acordo alcançado.
Não havia qualquer aumento salarial desde 2009, refere o sindicato.