O binómio
PS e o dueto do PAF andam alegremente apostados em convencer o País de que apenas eles existem, na contenda eleitoral do próximo 4 de Outubro. Seguem o guião gizado pelas direcções televisivas que, do alto da sua virginal independência, amanharam-se com a legislação na AR dos partidos do PAF (PSD e CDS, frise-se) para, com estes últimos, subtraírem ao País um debate eleitoral legislativo com todos os partidos com assento na AR.
(Os pormenores são conhecidos: os partidos do PAF impuseram na AR que as coligações apenas podiam ter uma voz nos debates televisivos globais – legislação «de encomenda» contra a CDU – mas, após a criação do PAF, este quis impor Paulo Portas no tal debate global, mas recusando Heloísa Apolónia, da CDU, violando a legislação que haviam aprovado e exibindo a fauces totalitária que procuram esconder. As três direcções televisivas debitaram, do alto da dita virginal independência, que «não havia condições para o debate global» e decidiram eliminá-lo, além de exibirem a mesma fauces totalitária.)
E ninguém os trava ou, sequer, questiona, designadamente a ERC, que também deve pairar na virginal independência – coisa popular, nestes tempos...
E o «eles ou nós» faz caminho acalorado nos presumidos «partidos do arco da governação».
Os do PAF reduzem a sua política de devastação de quatro anos a «tempos difíceis» que «enfrentámos com coragem» (o «enfrentámos» majestático é de uma sordidez arrepiante), catapultando «para futuro» miríficas «retomas» assentes em nada, enquanto vão avisando que «não podemos mudar de rumo», o que significa que, se pudessem, continuariam a mesma política de destruição do Portugal de Abril.
O PS de António Costa aponta alguns desmandos clamorosos da coligação PAF no exercício de funções, aponta alguns «remédios» se for Governo (mais 100 postos de Saúde Pública primária, um «inquérito» à privatização a mata-cavalos dos transportes públicos), mas nada que proponha a reposição efectiva de tantas ilegalidades cometidas (a desarticulação do Código do Trabalho, a devastação de salários e pensões, a liquidação de carreiras profissionais no vasto mundo da FP, o desmembramento e o esvaziamento por corte de verbas do SNS, da Justiça, do Ensino público, da Segurança Social). E muito menos as questões de fundo, como a renegociação da dívida e o estudo da saída do euro.
Enquanto Passos arenga às massas como se fosse um professor primário benevolente a dirigir-se a um País de retardados, Costa vocifera «abriladas» sem conteúdo, faz promessas sem substância (como os 210 000 empregos que, afinal, eram «estimativas») e grita indignações contra actos do Governo em que não sugere mexer uma palha para os alterar.
É este «binómio» que querem impingir ao País, onde cada parte é espelho da outra.
Esperem-lhe pela pancada.