Metro pára por condições de trabalho

Londres a pé

O me­tro­po­li­tano de Lon­dres pa­ra­lisou to­tal­mente na se­mana pas­sada, ge­rando o caos nos trans­portes da ca­pital bri­tâ­nica. Foi a se­gunda greve no es­paço de um mês.

Mu­ni­cípio de Lon­dres ad­mite adiar novo ho­rário

A pa­ra­li­sação de 24 horas teve início, dia 5, às 18.30 horas, e ter­minou no dia se­guinte à mesma hora. A adesão foi total, en­vol­vendo os quatro sin­di­catos que re­pre­sentam cerca de 20 mil tra­ba­lha­dores.

A em­presa de trans­portes de Lon­dres (TfL) mo­bi­lizou todas as vi­a­turas, in­cluindo 250 ve­tustos au­to­carros de dois an­dares, que há vá­rias dé­cadas não se via a cir­cular.

Mas não havia forma de evitar o caos. Mesmo em pe­ríodo de fé­rias, a pa­ragem do Metro pro­vocou nu­me­rosos en­gar­ra­fa­mentos, e as longas filas de es­pera nas pa­ra­gens dos au­to­carros obrigou muitas pes­soas a des­lo­carem-se a pé ou de bi­ci­cleta.

Na origem do braço de ferro está o plano de alar­ga­mento do pe­ríodo de fun­ci­o­na­mento do Metro, anun­ciado por Boris Johnson, pre­si­dente do mu­ni­cípio, res­pon­sável pela London Un­der­ground.

Johnson pre­tende o Metro fun­cione 24 horas por dia em certas li­nhas ao fim-de-se­mana, já a partir de 12 de Se­tembro.

Os sin­di­catos não são contra o au­mento da oferta de trans­porte, porém, exigem que o mu­ni­cípio crie as con­di­ções ne­ces­sá­rias, de modo a as­se­gurar os tempos de re­pouso dos tra­ba­lha­dores e a se­gu­rança dos utentes.

Ex­plo­ração agra­vada

Ora, o plano de Johnson é fazer mais com menos, ou seja, não só re­cusa des­tinar mais di­nheiro para o «tube», como mantém a in­tenção de ex­tin­guir 800 postos de tra­balho nas bi­lhe­teiras e nas es­ta­ções.

E para calar os tra­ba­lha­dores, a London Un­der­ground propôs-lhes um au­mento sa­la­rial de dois por cento este ano, e a co­ber­tura da in­flação em 2016 e 2017. Além disso ofe­rece um prémio de 500 li­bras a todo o pes­soal dos turnos da noite.

Num co­mu­ni­cado à po­pu­lação, o sin­di­cato RTM ex­plicou as ra­zões da greve, acu­sando a London Un­der­ground de su­bes­timar a se­gu­rança dos utentes e a saúde dos tra­ba­lha­dores.

Com efeito a cir­cu­lação con­tínua das com­po­si­ções le­vanta pro­blemas na ma­nu­tenção das vias e do ma­te­rial cir­cu­lante, ao mesmo tempo que o ex­cesso de horas de tra­balho obri­gará os con­du­tores e o pes­soal das es­ta­ções a operar em es­tado de fa­diga.

Por isso, o sin­di­cato exige o re­forço dos qua­dros de pes­soal e a re­dução do pe­ríodo se­manal de tra­balho, como única forma de as­se­gurar os tempos de re­pouso e a con­ci­li­ação da ac­ti­vi­dade pro­fis­si­onal com a vida pes­soal.

Já hoje, afirma o RMT, a London Un­der­ground viola as normas de se­gu­rança, per­mi­tindo a cir­cu­lação de com­boios que não ti­veram a ma­nu­tenção ade­quada por pes­soal qua­li­fi­cado.

Con­tando com o apoio mas­sivo dos tra­ba­lha­dores, os sin­di­catos pro­metem con­ti­nuar a luta contra a des­truição de postos de tra­balho.

Para o pre­si­dente da Câ­mara de Lon­dres, a forte dis­po­sição de luta dos tra­ba­lha­dores do Metro cons­titui um sério obs­tá­culo. Sem dar si­nais de aber­tura às pro­postas dos sin­di­catos, Johnson teve de ad­mitir que a inau­gu­ração do novo ho­rário noc­turno terá de ser pro­va­vel­mente adiada.




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