Garrote da dívida
A ideia de que os sacrifícios pedidos aos trabalhadores e ao povo serviria para pagar as dívidas - e por isso foram apresentados como valendo a pena - é um dos maiores embustes deste Governo e dos partidos que o sustêm.
«Cortaram os rendimentos, cortaram medicamentos e cirurgias, subsídios de desemprego, transporte aos doentes, complementos aos idosos. Deixaram na falência milhares de pequenas e médias empresas. Arruinaram famílias a quem depois foram penhorar a casa onde moravam. Venderam ou ofereceram as empresas públicas e sectores que interessavam aos grandes interesses económicos e fazem falta ao País. Fizeram tudo isso em nome da dívida e do pagamento da dívida», sumariou Jerónimo de Sousa, concluindo que o resultado revela que o País está hoje, afinal, mais endividado do que nunca.
O que, do seu ponto de vista, «não foi um erro de cálculo». É que a dívida é «apenas o pretexto para impor a política de exploração e empobrecimento que sempre quiserem fazer», sustentou Jerónimo de Sousa, que, ainda sobre esta questão, citou Philippe Legrain, insuspeito conselheiro económico de Durão Barroso entre 2011 e 2014, segundo o qual «Portugal está mais endividado que antes do programa, a dívida privada não caiu, Portugal está mesmo em pior estado que estava no início do programa».
Ainda a propósito da dívida, depois de lembrar que o actual vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, afirmou em 2011 que «não era possível absolver um primeiro-ministro que levou a dívida pública a 170 mil milhões de euros, questionou-se: «Então e agora, que fazer com um primeiro-ministro e um Governo que elevou a dívida para 220 mil milhões de euros?»
E foi com ironia que, regressando à figura que em 2013 garantiu bater com a porta, acrescentou: «Eu sei que para o vice-primeiro-ministro não há coisas irrevogáveis, mas é um esclarecimento que deve ser feito».
Passos Coelho não o deu.