«Empate técnico»
PS, PSD e CDS têm vindo a promover o condicionamento político por «sondagens» que são pouco mais que o contrabando dos seus interesses, ao mesmo tempo que o poder económico-mediático, para assegurar a continuação da política de direita, no quadro da previsível derrota eleitoral dos partidos do Governo, decidiu há muito apoiar uma alternância do PS.
Sendo verdade que há sondagens eleitorais sérias, todas comportam um constrangimento insuperável, é que só permitem uma previsão aproximada no intervalo de valores determinado pela margem de erro, e isto com perguntas claras, método aleatório, amostras dimensionadas e estratificadas aos diversos níveis – geográfico, social, etário, de género e voto anterior –, inquirição fiável e estimação da abstenção e distribuição de não respondentes e indecisos conforme com a realidade.
Hoje, em Portugal, os interesses dominantes e a «ideologia espectáculo» dos media instrumentalizam mesmo as sondagens sérias, remetem explicações para as letrinhas ilegíveis e fabricam as «caixas» dos resultados de conveniência. Assim se procura promover cada vez mais (e vai piorar) o «empate técnico» entre PS e PSD/CDS, empolados para favorecer a falsa «bipolarização» e a deslocação de votos para o PS, «seguro de vida» da política das troikas, anunciada no «Programa Nacional de Reformas» e no «Programa de Estabilidade».
O barómetro da Aximage/Correio da Manhã e o estudo da Eurosondagem/Expresso e os seus «tratamentos jornalísticos», da semana passada, comprovam que, por exemplo, no primeiro caso, a amostra é muito curta (602 inquiridos) e, no segundo, não há estratificação pelo voto em legislativas e a abstenção presumida é de 23 por cento! Em ambos os casos, para além do inquérito telefónico, que condiciona o inquirido e o resultado, e da desvalorização da margem de erro, procura-se concluir sobre o que nunca foi perguntado – que PSD/CDS teriam a mesma percentagem juntos ou separados, tal como as outras forças políticas, o que é falso e manipulatório.
O «empate técnico» é uma treta do grande capital, ao serviço da política de direita e da alternância do PS. PSD/CDS vão levar uma “banhada” eleitoral, tanto maior quanto se reforce o PCP e a CDU, abrindo caminho a uma alternativa patriótica e de esquerda.