Cimeira das Américas
Os EUA não lograram quebrar a unidade latino-americana e caribenha
A VII Cimeira das Américas, que se realizou a 10 e 11 de Abril, no Panamá, terminou sem que tenha sido possível chegar a acordo quanto a uma declaração final. Tal facto não constitui uma surpresa.
Desde 1994, ano em que por iniciativa dos EUA tiveram início estas Cimeiras, importantes transformações se verificaram na América Latina e Caraíbas – a VII Cimeira das Américas é disso testemunho. Longe vão os tempos em que os EUA decretavam todas as regras e os resultados do jogo no seu «pátio das traseiras».
Isolados, os EUA não tiveram condições para continuar a impor a exclusão de Cuba, cuja participação nesta Cimeira era exigida por todo o sub-continente latino-americano. Cuba que, sem claudicar da sua história, dos seus princípios, da sua soberania e solidariedade internacionalista, coerente com os valores da sua Revolução, participou na Cimeira denunciando as acções de agressão dos EUA – como a continuação do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto a Cuba há mais de 50 anos – e afirmando o aprofundamento do processo de actualização do seu modelo económico com o objectivo de aperfeiçoar o socialismo, avançando no desenvolvimento e consolidando as conquistas da Revolução cubana.
Mas esta não foi a única derrota política dos EUA nesta Cimeira. As suas tentativas de, nas vésperas da realização da Cimeira, fomentar a divisão em torno da República Bolivariana da Venezuela, procurando ostracizá-la, resultaram igualmente fracassadas. Ao contrário do pretendido, a inaceitável decisão da administração norte-americana de declarar a Venezuela como uma «ameaça inusual e extraordinária à segurança» dos EUA foi ampla e abertamente criticada e condenada, tendo ficado isolados, não a Venezuela, mas os Estados Unidos. Aliás, como ficou demonstrado pelas importantes tomadas de posição dos países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), a União de Nações Sul-americanas (UNASUR) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) – entre outras que, por todo o mundo, fizeram questão de se fazer ouvir.
Na Cimeira, a Venezuela deixou bem clara a exigência de que os EUA ponham fim à sua política de ingerência, respeitando a soberania e a independência da Venezuela e a Revolução bolivariana, anulando a decisão de declarar a Venezuela uma «ameaça» e terminando com os planos de conspiração que dos EUA se desenvolvem contra a Venezuela e o seu povo – uma exigência reafirmada em mais de 11 milhões de assinaturas de venezuelanos.
No Panamá, os EUA não lograram quebrar a unidade latino-americana e caribenha em questões essenciais. No entanto, a Cimeira das Américas (na senda da Organização de Estados Americanos) constitui um sério desafio do imperialismo norte-americano à cooperação, integração e unidade latino-americana e caribenha. Recorde-se que a origem destas Cimeiras está associada ao projecto de domínio económico e político consubstanciado na Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) ambicionada pelos EUA e derrotada na Cimeira das Américas, realizada em 2005, em Mar del Plata (Argentina), pela acção determinante dos então presidentes Chávez, da Venezuela, Kirchner, da Argentina, e Lula, do Brasil.
Em intervenções proferidas na VII Cimeira das Américas, muitas das quais com um claro cunho anti-imperialista, fez-se ouvir a voz dos povos – e não apenas por parte dos representantes dos países que integram a ALBA.
Perante os grandes desafios que se colocam, a solidariedade com a luta dos povos latino-americanos e caribenhos pela soberania e independência, por avanços democráticos e progressistas, por transformações revolucionárias, pela construção do socialismo, é mais necessária do que nunca.