À glória

Henrique Custódio

Não são poucos os estragos no País, no povo e no regime democrático feitos pelo Governo Passos/Portas e, sendo tantos, enuncie-se alguns: foram desarticulados os serviços sociais do Estado para lá do tolerável, as carreiras profissionais na F.P. sofreram enxovalhos e desvalorizações brutais (professores, médicos, enfermeiros, polícias, magistrados, militares e funcionários públicos em geral), o desemprego atingiu mais de um milhão da população activa, com decorrente emigração em massa, o Código do Trabalho foi quase reduzido a estilhas, o investimento público cessou e o desenvolvimento económico regrediu para níveis de 15 anos atrás, o Fisco esbulhou aos trabalhadores e reformados dezenas de milhares de milhões de euros nestes quatro anos, estes esbulhos e ilegalidades foram cometidos ao arrepio da Constituição e, ainda por cima, «a dívida pública», que fora o pretexto para a selvática ofensiva contra o Portugal de Abril, aumentou de cerca de 90% do PIB, no inicio da ofensiva, para os actuais 130% do mesmo PIB...

Entretanto, o uso desta gente no exercício do poder veio revelar uma quase inenarrável colecção de inanidades.

A famosa «teimosia» do chefe Passos equivale à sua contumaz técnica em dizer coisas diferentes sobre os mesmos assuntos, particularidade que se tornou diária, com o avançar da governação. Entretanto, já averbou um notável rol de inanidades, como o «paradigma», ou o «povo piegas» que não quer «sair da zona de conforto».

Paulo Portas continua a esmerar-se na sua inesgotável capacidade em ser ridículo - talvez o papel de truão lhe renda um pé de página, na «História» que tanto persegue.

O Governo que, entretanto, comandaram é um estendal das mesmas inanidades. Até os «cursos universitários» martelados, como o de Relvas, ou às três pancadas, como o de Passos, não falharam a procissão que, mesmo vaiada em todo o percurso, prossegue, impávida, sob o inacreditável e exclusivo patrocínio do Presidente da República.

Entretanto, já perderam a tramontana e é vê-los, já diariamente, ora a M.ª Luís Albuquerque a genuflexar na Alemanha ou o chanceler Passos a emergir de fugas ao Fisco e passados profissionais nebulosos, ora a ministra da Justiça a desarticular tribunais ou propor «listas de pedófilos» e o ministro da Educação a obstinar-se em «examinar professores» e degradar a Escola ou, ainda, os tumultos dos secretários de Estado, com o Núncio dos Assuntos Fiscais atascado em «listas VIP» e esgueirando-se da responsabilidade política ou o inacreditável Pedro Lomba a propor um programa de «regresso de imigrantes» portugueses com «apoios» de dez mil euros para 40 ou 50 pessoas.

Esta gente julga viver tempos de glória na governação do País.

Mas o que estão é a «levar à glória» a governação, como usa dizer-se nas perdas monumentais dos casinos.



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