Amnésias
Amnésia é «a incapacidade parcial ou total de recordar memórias». Vem a precisão científica a propósito dos recentes acontecimentos envolvendo figuras de proa da política de direita. Começando pelo primeiro-ministro: Pedro Passos Coelho (doravante tratado por PPC) era, antes de ser primeiro-ministro, um homem muito activo! Foi deputado, escreveu em vários órgãos de comunicação social, foi administrador de empresas do grupo Fomentinvest, presidido por Ângelo Correia, do qual foi director financeiro entre 2004 e 2007. Foi consultor e formador na Tecnoforma, nome bem conhecido por causa de outro «esquecimento» de PPC.
O homem vivia mergulhado em trabalho e foi com certeza por isso que durante quatro anos, entre 1999 e 2004, pura e simplesmente se esqueceu de fazer os descontos para a Segurança Social, tinha lá tempo para isso! Lá por 2007, quando mais de 100 mil trabalhadores de recibos verdes andavam em pânico com as ameaças de cobranças coercivas e penhoras por dívidas à Segurança Social, e também num terrível ataque de amnésia, a Segurança Social esqueceu-se de notificar PPC... E pior ainda, parece que só se lembra de uma parte da dívida. Ou seja, o homem é uma vítima da doença. Tal como António Costa, que não pagou contribuição autárquica enquanto era ministro da Justiça (1999-2002) devido a uma série de lapsos do banco e a um erro da secretária.
Lá está! Amnésias mais uma vez. Aliás, António Costa provou sofrer desse terrível mal, ao esquecer-se, perante investidores estrangeiros, que nesta fase de pré-campanha não pode dizer o que realmente pensa. PPC e Costa não são os únicos a sofrer deste mal. Só ligados ao caso BES/GES são inúmeras as vítimas da terrível epidemia, desde o Banco de Portugal ao Governo, passando por Zeinal Bava, o último paciente, grave, a passar pela comissão de inquérito. Como é bom de ver a doença afecta todos os que ganham, e bem, com o status quo da política de direita e parece que já se estendeu à televisão, que se esqueceu que este fim de semana se realizou um grande Encontro Nacional do PCP. O que se espera, e apela, é que a doença, lá para Outubro, não se generalize no povo... as consequências podem ser terríveis... o melhor é tomar já a vacina, ir à luta e reforçar o PCP.