e a realidade no distrito de Aveiro
Lutas da terra e do mar
As quotas leiteiras e a consequente redução do leite pago ao produtor foi o tema que dominou a reunião onde estiveram presentes produtores de leite e carne e representantes da Associação de Lavoura do Distrito de Aveiro.
Foram ouvidas queixas quanto ao preço dos factores de produção – aumento do preço do gasóleo e rações –, tendo ainda alertado os deputados comunistas para o facto de o subsídio relativo ao gasóleo verde não ser actualizado há vários anos. Para cima da mesa vieram também as preocupações com a concentração a que se assiste no sector, em resultado da qual tem havido um crescente abandono da produção por parte dos pequenos produtores, «concentração da produção em grandes explorações» e redução do pagamento do preço do leite ao produtor, que em média tem sido pago a trinta cêntimos por quilo.
Encaradas com preocupação pelos agricultores são ainda as alterações da Política Agrícola Comum, nomeadamente as decorrentes da implementação do «greenning», que a ser aplicado levará a um ainda menor rendimento devido à limitação da produção das silagens para alimentação animal.
Motivos para descontentamento têm também os agricultores produtores de batata, a braços com preços de ruína e com problemas no seu escoamento. Foi isso que os deputados do PCP testemunharam em reunião na freguesia de Troviscal, Oliveira do Bairro, onde lhes foi transmitido pelos agricultores presentes que este ano o preço da batata pago aos produtores foi de cinco cêntimos o quilo, quando nas grandes superfícies, na sua maioria importada, andou a ser vendida a um euro. É esta política de preços, controlada pela grande distribuição e associada à importação de batata, em particular nos meses de colheita, a par do custo dos factores de produção, que explica também em grande parte o «abandono da produção nacional e da actividade agrícola», sublinha o PCP.
Da reunião com pescadores e mariscadores da Torreira sobressaiu a exigência de que sejam implementadas medidas que protejam a sua actividade na Ria de Aveiro, «assegurando a manutenção e renovação dos recursos marinhos, nomeadamente através de uma fiscalização eficaz que impeça práticas ilícitas como o arrasto».
Por outro lado, sendo uma actividade muito sujeita a longos períodos de interdição, por razões sanitárias, é essencial adequar o acesso ao Fundo de Compensação Salarial às necessidades da realidade social destas comunidades, disponibilizando-o em tempo útil.