2015 com muita confiança

Armindo Miranda (Membro da Comissão Política do PCP)

Terminámos o ano de 2014 a dinamizar a luta dos trabalhadores a partir do local de trabalho, com destaque para as lutas travadas pelo sector dos transportes e da Administração Pública. Empenhados no reforço do Partido, através da acção de contactos que temos de terminar. Mas também com diversas iniciativas onde reafirmámos que a principal causa da pobreza é a exploração do grande capital através da redução dos salários, das baixas pensões e reformas, e demos a conhecer os eixos essenciais da política patriótica e de esquerda de que o País tanto precisa.

O Partido está firme, unido, coeso e determinado

Aí afirmamos que o carácter profundamente injusto e desumano da política de direita «é o testemunho vivido e sofrido por milhões de portugueses que «não conseguem ter nas suas vidas os bens e serviços de que carecem». E que, em contrapartida, «o lucro acumulado pelos principais grupos económicos e financeiros, na ultima década, foi de cerca de 50 milhões de euros, enquanto reduziam salários e direitos»; que é cada vez maior a concentração «da carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho, o peso crescente dos impostos indirectos na receita fiscal, a concessão de benefícios fiscais ao grande capital (…) à custa da crescente carga fiscal sobre os trabalhadores, reformados e famílias, assim como dos micro e pequenos empresários».

E, por isso, no âmbito de uma nova política fiscal, se propôs, entre outras medidas, «o aumento da taxa do IRS, para os rendimentos muito elevados (…) e a criação de uma nova taxa do IVA, de 25 por cento, para bens e serviços de luxo, (...) um imposto sobre transacções financeiras, consignando parte da receita deste imposto ao fundo de estabilização financeira da Segurança Social», e «um cabaz de bens essenciais taxados apenas a seis por cento, o qual incluiria a energia eléctrica, o gás natural e o gás de botija». Naturalmente que não tiveram o voto favorável dos partidos da política de direita – PS, PSD e CDS.

Dívida, euro, controlo público

Nestas iniciativas do Partido foi afirmado que, «com a dívida pública e a dívida externa ganham os sectores exportadores dos principais países europeus, ganham os banqueiros, ganham os especuladores, ganham os grandes grupos económicos e financeiros, ganha o grande capital nacional e transnacional. Perdem os trabalhadores, os reformados, a juventude; perde o povo português; perde a economia nacional; perde o País». E que, por isso, é tão urgente a renegociação da dívida nos seus montantes, juros e prazos.

Afirmou-se ainda que «o euro é um projecto do grande capital europeu, das transnacionais europeias e do directório de potências europeias comandadas pela Alemanha. Os dados relativos à evolução dos salários e dos lucros na zona euro, ao longo da ultima década e meia, evidenciam isso mesmo». E, portanto, o País deve ser liberto da submissão do euro e que essa libertação «deve ser encarada e preparada como um processo (…) para garantir o pleno aproveitamento das vantagens de uma saída e ao mesmo tempo a minimização dos seus custos», defendendo «os rendimentos, as poupanças, os níveis de vida e os direitos do povo português».

Foi também sublinhado que «não pode haver crescimento económico, desenvolvimento, emprego, soberania se os sectores estratégicos da nossa economia estiverem nas mãos dos grupos económicos», sendo por isso tão importante que passem para o controlo público. Ainda no que respeita à defesa da soberania, foi lembrado que a «nossa história demonstra que os grandes momentos de avanços progressistas foram protagonizados e alcançados pelas massas populares, tendo sempre como aspiração e suporte a afirmação da soberania e a independência nacional». Assim é, também, com a alternativa patriótica e de esquerda que é imperiosa para o País.

Confiança

Iniciamos 2015 com muita confiança: o Partido está firme, unido, coeso e determinado na concretização dos seus ideais libertadores. Ligado ao povo e à vida, onde o novo todos os dias acontece. Consciente das dificuldades, mas com muita confiança nas enormes potencialidades para enfrentar com êxito, os grandes desafios deste ano que agora começa. Com muita confiança na ampliação da influência social, política e eleitoral do Partido e do seu reforço orgânico.

Com muita confiança na luta dos trabalhadores elevada a novos patamares, envolvendo outras classes e camadas, alargando a frente social. Com muita confiança na agregação de todas as vontades que, de forma séria, se manifestem a favor da ruptura com a política de direita e da necessária convergência com vista à construção do governo patriótico e de esquerda, tão necessário aos trabalhadores, ao povo e ao País.




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