Greve nacional e concentração em Lisboa

Resposta firme no ISS

Com uma ele­vada adesão à greve de 24 horas e uma con­cen­tração de cen­tenas de tra­ba­lha­dores frente ao Mi­nis­tério da tu­tela, a luta contra o des­pe­di­mento de 697 pes­soas no Ins­ti­tuto da Se­gu­rança So­cial teve um ponto alto no dia 4.

De­fen­dendo o em­prego, com­bate-se igual­mente a des­truição da Se­gu­rança So­cial

Estas duas ac­ções «foram o co­ro­lário de uma se­mana de ple­ná­rios re­a­li­zados nos lo­cais de tra­balho, em todo o País», notou a Fe­de­ração Na­ci­onal dos Sin­di­catos dos Tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas e So­ciais. A es­tru­tura sec­to­rial da CGTP-IN sa­li­entou que, já no pe­ríodo de mo­bi­li­zação, «ficou bem evi­dente a von­tade de lutar dos tra­ba­lha­dores do ISS».
Os ní­veis de adesão à greve, in­formou a fe­de­ração, ao fim da manhã de dia 4, si­tu­aram-se entre os 70 e os 80 por cento em todo o País. No Norte, foram en­cer­rados ser­viços de aten­di­mento ao pú­blico no Porto (Mi­guel Bom­barda), na Maia, na Póvoa do Varzim, em Pa­redes e em Viana do Cas­telo. Na re­gião Centro, fe­charam os ser­viços em Leiria, Viseu, Caldas da Rainha e Óbidos. Na zona de Lisboa, o aten­di­mento ao pú­blico nos ser­viços do Are­eiro e na Loja do Ci­dadão de Odi­velas foi as­se­gu­rado por che­fias e tra­ba­lha­dores de­sem­pre­gados; em Sintra, a adesão à greve foi de 78 por cento; no ser­viço de Loures, a porta es­teve aberta, mas só lá es­tavam a chefia e um se­gu­rança pri­vado; em Vila Franca de Xira, o ser­viço es­teve en­cer­rado. Para a fe­de­ração, esta foi «uma firme res­posta ao Go­verno e ao Con­selho Di­rec­tivo do ISS».
«O Go­verno, que diz haver tra­ba­lha­dores em ex­cesso, de­veria ex­plicar por que é que, ao mesmo tempo que pre­para a ex­clusão de tra­ba­lha­dores com vín­culo ao Es­tado, ad­mite tra­ba­lha­dores de­sem­pre­gados dos pro­gramas de in­serção em con­texto de tra­balho (uma so­lução tão mais ba­rata quanto in­jus­ti­fi­cável)», pro­testou, por seu turno, a Fe­de­ração Na­ci­onal dos Pro­fes­sores. Numa nota do seu Se­cre­ta­riado Na­ci­onal, a Fen­prof in­formou que a greve «está a cor­res­ponder à gra­vi­dade do mo­mento» e en­volveu ou­tros do­centes, para além dos que estão no­ti­fi­cados para a «re­qua­li­fi­cação» – o ca­minho para o des­pe­di­mento em dois anos, com drás­ticos cortes sa­la­riais. Por cen­tros dis­tri­tais do ISS, a Fen­prof re­gistou ní­veis adesão de cem por cento, em Beja, Bra­gança, Guarda e Leiria, e de 90 por cento, em Lisboa e Se­túbal, em Coimbra e no Porto. Re­feriu ainda os cen­tros dis­tri­tais de Braga (82 por cento), S. João da Ma­deira (50 por cento), Aveiro (50 por cento) e Cas­telo Branco (31por cento).
«A de­fesa dos 697 postos de tra­balho é im­pe­ra­tiva, pois só assim se ga­rante que a Se­gu­rança So­cial con­tinue ao ser­viço das pes­soas, com ca­rácter uni­versal, pú­blico e so­li­dário», afirmou a Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica. Numa sau­dação à luta de dia 4, re­alçou que «o pro­cesso mo­vido contra os tra­ba­lha­dores do ISS está pe­jado de ile­ga­li­dades, dú­vidas e ir­re­gu­la­ri­dades» e in­tegra-se na «ten­ta­tiva de des­man­te­la­mento dos ser­viços pú­blicos e de des­pe­di­mento mas­sivo».
Na con­cen­tração par­ti­cipou Ar­ménio Carlos, com numa de­le­gação da di­recção da CGTP-IN.
A re­a­firmar a so­li­da­ri­e­dade do PCP para com a luta dos tra­ba­lha­dores do ISS, es­teve na Praça de Lon­dres a de­pu­tada Rita Rato, que apontou esta luta – em de­fesa dos postos de tra­balho, mas também pela ma­nu­tenção da se­mana de tra­balho de 35 horas, pela sal­va­guarda dos di­reitos e dos sa­lá­rios ata­cados na Lei Geral do Tra­balho em Fun­ções Pú­blicas, pela ga­rantia de ser­viços pú­blicos de qua­li­dade e pela de­fesa dos va­lores ins­critos na Cons­ti­tuição de Abril – como um sinal de es­pe­rança e de con­fi­ança na força dos tra­ba­lha­dores para a der­rota deste Go­verno e desta po­lí­tica.

Uma de­le­gação do PCP, da qual fez parte João Frazão, membro da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral do Par­tido, es­teve numa vi­gília dos tra­ba­lha­dores do Centro Dis­trital de Braga da Se­gu­rança So­cial, ao final da tarde de quarta-feira, dia 3. Nesta acção par­ti­cipou uma de­le­gação da Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN.
O pro­testo contra os des­pe­di­mentos no ISS es­teve também em des­taque na con­cen­tração pro­mo­vida pela União de Sin­di­catos de Braga, no dia 5, quando o pri­meiro-mi­nistro se des­locou a esta ci­dade.

 



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