A raiz do problema

Manuel Rodrigues

Quase todos os dias vêm a público novos casos e escândalos, numa espécie de interminável sucessão pantanosa e altamente corrosiva para as instituições e o regime democrático.

Como o PCP tem insistido, trata-se de casos gerados pela política de direita e geridos pelo grande capital. O mesmo que engordou tão desmesuradamente com essa política que passou ao seu comando directo, pondo o Estado (quase) inteiramente ao seu serviço. Ao seu serviço, que é o mesmo que dizer, ao serviço da sua sôfrega vontade de engordar (leia-se, acumular e concentrar) com a riqueza que os trabalhadores e o povo, a muito custo, todos os dias e a todas as horas, vão gerando.

Situação que até parece contraditória com a tão propalada insistência dessa mesma política em «cortar nas gorduras do Estado», não fora o facto de, quando a isso se referem, se estarem, de facto, a referir ao seu grande objectivo de desmantelar as funções sociais com que o Estado garante importantes direitos sociais. O que o capital monopolista pretende, no fundo, é, pela via da privatização desses serviços, conseguir novos lucros, dando assim alimento a um apetite sem limites. Para isso, recorrem às leis de extorsão e de confisco, que, através dos seus executantes – PS, PSD e CDS - aprovam e impõem e, sempre que necessário, à corrupção que promovem e controlam. E, por estas duas vias convergentes, tentam acelerar a reconstituição dos monopólios que a Revolução de Abril em boa hora liquidou.

O capitalismo, por natureza, é assim mesmo. Tanto faz que o pintem com rosto humano, selvagem, neoliberal, parasitário, decadente ou belicista. É da sua essência alimentar-se da exploração e usar, sem escrúpulos, todos os meios para atingir esses fins: manipulação das consciências, repressão, corrupção e, se necessário, xenofobia, fascismo e guerra.

A raiz do problema é, de facto, a política de direita. Uma raiz daninha que alimenta o grande capital e dá sustento à sua natureza exploradora e predatória.

Uma raiz que só a luta dos trabalhadores e do povo, mais tarde ou mais cedo, há-de arrancar e destruir.

 



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