Revolta cresce
Uma semana após as greves em quatro regiões belgas, trabalhadores dos diferentes sectores paralisaram, na segunda-feira, 1, as regiões de Liège, Namur, Flandres Ocidental e Oriental.
Contestação social amplia-se na Bélgica
O êxito das greves foi visível na ausência de comboios, autocarros, de recolha de lixo ou distribuição de correio ou de jornais.
A presença de numerosos piquetes de greve junto a unidades industriais, grandes superfícies comerciais, estabelecimentos de ensino, hospitais e outros serviços públicos era um sinal claro de que ali não se trabalhou.
As greves, particularmente nos caminhos-de-ferro, tiveram repercussões noutras regiões do país, com várias linhas nacionais paralisadas.
Na Flandres Oriental, o importante porto de Gand foi selado pelos piquetes de greve. O mesmo aconteceu no parque de empresas da Volvo Cars e da Hondaeem muitas outras grandes empresas da região.
O movimento de greve encerrou também centenas de pequenas e médias empresas, muitas das quais envolvidas pela primeira vez numa jornada de protesto.
Em alguns casos, os agricultores juntaram-se aos operários para ajudar a bloquear com os seus tractores acessos parques de indústrias, como se verificou no município de Renaix relativamente às empresas têxteis situadas na zona industrial de Klein Frankrijk.
O cenário repetiu-se nas regiões de Liège e Namur, confirmando o repúdio generalizado pelas políticas de austeridade que o governo de direita pretende impor aos belgas.
Se a forte adesão às greves regionais parece ter garantido o êxito da greve geral nacional marcada para 15 de Dezembro, sindicatos e trabalhadores estão dispostos a ir mais além.
Se o governo permanecer surdo aos protestos, as acções de lua continuarão.
As exigências são elementares e por todos compreendidas.
Ninguém aceita o congelamento dos salários, quebrando-se a antiga regra da actualização em função da inflação.
Ninguém aceita o amento da idade da reforma para os 67 anos ou o fim das reformas antecipadas.
Todos lutam em defesa dos serviços públicos, em particular em defesa da companhia pública de caminhos-de-ferro, em vias de desmantelamento.
Para o Partido do Trabalho da Bélgica, «a resistência actual pode vencer o presente combate social e democrático. Ou seja, obrigar à paragem da máquina anti-social do governo».