Juncker sobrevive à censura
O presidente da Comissão Europeia escapou à censura do Parlamento Europeu, vendo chumbada, dia 27, a moção apresentada pelas formações de extrema-direita, a única que conseguiu reunir assinaturas suficientes para ser votada.
Em causa estava o escândalo dos acordos fiscais secretos entre o governo do Luxemburgo, na altura liderado por Jean-Claude Juncker, e 340 multinacionais, estabelecendo taxas irrisórias de tributação dos lucros, que nalguns casos não iam além de um por cento.
Como referiu o deputado João Ferreira, «o PCP e o seu grupo, o GUE/NGL, tudo fizeram para dar expressão política e institucional, no Parlamento Europeu, à justa indignação e censura social suscitadas pela revelação do escândalo, envolvendo o actual presidente da Comissão Europeia, de fuga ao pagamento de impostos por parte de centenas de multinacionais».
Nesse sentido, o grupo da Esquerda Unitária/Esquerda verde Nórdica preparou uma moção de censura, que acabou por não reunir o número mínimo de assinaturas para ser discutida.
«Foi opção dos grupos dos verdes, dos sociais-democratas e dos liberais não subscreverem a moção do GUE/NGL, assim inviabilizando a sua discussão e votação», salientou o deputado do PCP na sua declaração de voto.
Considerando que «a Comissão Europeia e o seu presidente merecem ser alvo de uma censura», João Ferreira explicou que a abstenção dos deputados do PCP se deve ao facto de não poderem «apoiar nem branquear o oportunismo da extrema-direita neste processo».
Na moção chumbada, os deputados proponentes «branqueiam o sistema», não dizendo «uma palavra» sobre «os paraísos fiscais ou sobre a desregulação do sistema financeiro – peças essenciais da engrenagem montada para isentar as multinacionais das suas obrigações fiscais. Aliás, vários dos subscritores desta moção são conhecidos defensores desta mesma engrenagem».