Romper com a política de direita
Governos e governantes do PS, PSD e CDS-PP, que formam maiorias em cada momento na Assembleia da República, e os governos que formam alternadamente, conduziram-nos à desgraçada situação em que vivemos. Estes mesmos servem-se do poder e utilizam-no para servir os seus mandantes e as clientelas que andam à babuja.
Romper com a promiscuidade entre os poderes político e económico
Lusa
Estes executantes da política de direita ao serviço do grande capital económico e financeiro nacional e internacional, progenitores da teia que foram montando no aparelho de Estado e da promiscuidade entre poder político e interesses económicos, na dança das cadeiras foram e são acolhidos em empresas privadas, ou públicas, instituições financeiras ou outras instituições internacionais, à medida que se alternam no poder. É a paga natural a quem de forma subserviente se dispõe a levar à prática aquilo que determina a mão escondida do poder do grande capital.
Este é apenas parte do movimento centrífugo, pois a roda também gira em sentido contrário, ou seja, muitos dos protagonistas e responsáveis políticos pela situação em que nos encontramos vieram dos grandes grupos económicos e financeiros, ou das instituições por si criadas e dominadas, directamente para os governos que nos têm desgovernado, e para outros altos cargos do Estado.
Esta é uma verdade que já ninguém contesta, aliás a vida tem-se encarregado de a pôr em evidência. Contudo, a ideologia dominante procura apresentar a questão, ou seja, o «jogo das cadeiras», como uma coisa normal, a corrupção instalada no aparelho de Estado apenas como questão judicial e os protagonistas como pessoas altamente competentes e até quase «heróis» quando chegam ao governo ou quando partem para ocupar lugares altamente remunerados em instâncias internacionais (também elas ao serviço do grande capital), ou nos grupos económicos e financeiros.
Contudo, esta situação não é nem normal nem natural, e muito menos apenas judicial. Ela é causa e efeito do sistema capitalista que tem como único objectivo obter o máximo lucro e, para isso, coloca os seus homens e mulheres de mão nos lugares políticos chave, com o sentido destes o servirem inteiramente na sua senda exploradora e de centralização e concentração capitalista.
Os que se apresentaram ou apresentam como «salvadores da pátria» – ontem, hoje ou no futuro próximo – chamem-se PS, PSD, ou CDS-PP, são os mesmos que privatizaram empresas e sectores estratégicos para o nosso desenvolvimento soberano, debilitaram e destruíram o aparelho produtivo, liquidaram milhares de postos de trabalho, criando um enorme exército de desempregados, desregularam ainda mais as relações laborais, reduziram salários e pensões, cortaram nos apoios sociais, geraram 2,5 milhões de pobres, encerraram e destruíram serviços públicos, foram reconfigurando o Estado procurando colocá-lo inteiramente ao serviço do capital monopolista.
Muitos destes são também os mesmos que, tendo chumbado várias iniciativas legislativas do PCP contra a corrupção, estão directa ou indirectamente no centro do «furacão» das notícias de corrupção e dos escândalos de favoritismo resultantes das negociatas e da especulação financeira que atravessam o sistema capitalista em Portugal.
Força indispensável
Os anunciados casos de corrupção, aliados ao brutal agravamento da situação económica e social, a degradação política provocada pelos partidos da política de direita, acabam por atingir o regime democrático e abrir caminho ao populismo, que só interessa aos partidos do sistema – PS,PSD e CDS.
Uns e outros preparam-se, agora, para assaltar de novo o poder mudando caras, retocando a imagem com mais ou menos «maquilhagem», mas escondendo os compromissos com o grande capital e que o centro do problema reside nas opções políticas de classe e isso – PS, PSD e CDS, aliados ou não – já revelaram estarem presos de pés e mãos aos interesses dos seus mandantes.
A ruptura com a política de direita, o pôr fim a este degradado e pantanoso estado de coisas e ao ciclo vicioso da alternância entre PS e PSD com ou sem CDS-PP, que nos conduziu à degradada situação, tornou-se num imperativo nacional. Portugal precisa de uma política patriótica e de esquerda, de uma política de verdade, tendo no governo pessoas sérias que tenham no centro das suas opções o País, os trabalhadores e o povo.
Essa necessidade e possibilidade está nas mãos, na vontade, na acção e na luta dos trabalhadores e do povo, dos democratas e patriotas, de todos aqueles que sinceramente querem romper com a política de direita, e na sua concretização o PCP – força de Abril, força da luta pela ruptura, portador de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, e de um programa para uma Democracia Avançada, os valores de Abril no futuro de Portugal, parte integrante da luta pelo socialismo – é indispensável e insubstituível.