Ensino gratuito!
Cerca de dez mil estudantes manifestaram-se, dia 19, em Londres, contra propinas universitárias exorbitantes e os cortes orçamentais na educação.
Custo exorbitante do ensino endivida estudantes
«A educação é um direito, não um luxo» e «Livros não são bombas» foram algumas das palavras de ordem repetidas pelos jovens durante o desfile que terminou na praça do Parlamento.
Os protestos iniciaram-se na semana anterior em Cambridge sob o lema de uma educação gratuita e pública para todos. Alastraram depois a todo o país, enquadrados pela Assembleia Estudantil Contra a Austeridade e Campanha Nacional contra Propinas e Cortes.
A subida das propinas iniciou-se com os governos trabalhistas de Tony Blair, passando de mil libras, em 1998, para três mil libras em 2006.
Antes da «reforma» da Educação, aprovada em 2010, as propinas situavam-se em 3300 libras (mais de quatro mil euros). Mas a partir de 2012, esse valor praticamente duplicou em dois terços das universidades britânicas e quase que triplicou num terço delas, sobretudo em Londres.
Os custos do Ensino Superior são incomportáveis para a maioria dos jovens. Em média, um estudante britânico quando termina o curso tem uma dívida ao banco de 55 mil euros.
De acordo com um recente estudo da Alta Comissão para a Educação (HEC), divulgado dia 18, a dívida dos estudantes eleva-se actualmente a 46 mil milhões de libras (58 mil milhões de euros), ou seja dois por cento do PIB do país e cinco por cento da dívida pública.
A Comissão calcula que este valor pode atingir os 330 mil milhões de libras em 2044. E no caso provável de incumprimento, o Estado é chamado a reembolsar a banca.
Em 2013, cerca de cinco mil milhões de libras relativas a dívidas de 370 mil estudantes foram consideradas incobráveis, forçando a intervenção do Estado.
Ensino elitizado
Neste quadro, o acesso ao Ensino Superior está vedado à maioria das famílias de baixos rendimentos.
Segundo um inquérito realizado em 2010 pelo jornal The Guardian, abrangendo 131 estabelecimentos de Ensino Superior, os filhos de operários representam uma pequena minoria nas prestigiadas universidades de Oxford (11,2%) e Cambridge (12,6%).
A questão aqui não é só o insuportável peso das propinas, mas também os estritos critérios de selecção.
No entanto, foi precisamente da Universidade de Cambridge que partiu esta vaga de protestos contra a elitização do ensino e por um ensino público e gratuito para todos.