O saque da água
O Canal de Isabel II abastece a cidade de Madrid desde que foi criado em 1851. Esta importante infra-estrutura pública está agora sob a ameaça da privatização, combatida tenazmente por movimentos cívicos.
Neste combate, a Plataforma contra a Privatização do Canal e a Maré Azul lançaram, dia 24, um livro que documenta os planos privatizadores alimentados pelas elites políticas e económicas pelo menos desde há cinco anos.
A obra, intitulada, «Más claro agua. El plan de saqueo del Canal de Isabel II», é fruto do trabalho de um grupo de académicos e investigadores que se batem pelo património público da água.
O seu lançamento surge num momento de grande alarme, já que, no próximo dia 3 de Dezembro, terá lugar uma assembleia-geral extraordinária para aprovar uma operação de financiamento, que é vista como uma manobra para endividar a empresa e abrir a porta à privatização.
Concretamente, a entidade responsável pelo Canal pretende emitir uma primeira dívida de 600 milhões de euros e aprovar uma remuneração para os membros do conselho de administração.
Os lucros do Canal aumentaram em 2012 e 2013 cerca de 43 por cento. Mas os seus accionistas públicos resolveram encaixar em dividendos perto de 280 milhões de euros, em vez de aplicar os recursos para garantir a sustentabilidade da empresa.
Enquanto sociedade anónima, o Canal recusou prestar informações sobre a operação financeira. Porém a imprensa espanhola já revelou que estão envolvidos os bancos Santander, BBVA, Societé General, Caixa Bank e HSBC.
Cobiçado pelo grande capital, o Canal tem um vasto património que vai além das infra-estruturas de água. Possui amplos terrenos entre a Serra de Guadarrama até à capital, com grandes propriedades no próprio centro de Madrid.
Os colectivos que lutam contra a privatização do Canal já convocaram para o próximo domingo, 30, uma concentração na Porta do Sol, em Madrid.