Nos locais de trabalho e nas ruas, por motivos comuns

Hoje há luta nacional

Milhares de trabalhadores participam hoje nas centenas de acções marcadas por todo o País e nos diversos sectores, correspondendo ao apelo da CGTP-IN para que este 13 de Novembro seja um «dia nacional de indignação, acção e luta», por um aumento geral dos salários e por melhores condições de trabalho e de vida, para pôr termo à política de exploração e empobrecimento e para demitir o Governo que a pretende agravar ainda mais.

Se acha que já basta, passe à acção, apela a Inter

No final da semana passada, a CGTP-IN anunciou que estavam já aprovadas pelos trabalhadores e pelos seus sindicatos centenas de lutas, incluindo greves de 24 horas e paralisações por períodos diversos. Em muitos casos, foram também anunciados desfiles de rua e concentrações junto às instalações que acolhem as administrações das empresas.

A central divulgou, no dia 7, sexta-feira, uma extensa lista de lutas marcadas em empresas de sectores industriais, dos transportes, do comércio e serviços, da hotelaria e restauração, em autarquias locais, na Saúde, na Educação, na Segurança Social e na Administração Pública, em geral. Essa informação foi crescendo e até ao fecho da edição continuámos a receber notas de sindicatos, federações sectoriais e uniões distritais da CGTP-IN sobre acções entretanto decididas – não só para hoje, como para os próximos dias, já que a central leva a cabo, a partir de dia 21, uma «marcha» para erguer alto em todos os distritos o facho da luta pelo emprego, por melhores salários e pensões, em defesa dos direitos e dos serviços públicos.

«É preciso travar a política do Governo PSD/CDS, que condena a população ao empobrecimento e ao sofrimento», apela-se no manifesto que a Intersindical publicou, a apelar ao alargamento da luta, porque «é preciso dizer basta». A central reafirma a exigência de demissão imediata do Governo, como «exigência patriótica e urgente», e defende «uma política de esquerda e soberana, para garantir emprego com direitos para todos, a melhoria das condições de vida da população portuguesa, a reposição de direitos sociais e laborais, a justiça fiscal e o progresso social».

No documento, é dado destaque a factos e números que «não deixam dúvidas sobre a política de rapina a que os trabalhadores e o povo têm sido sujeitos»:
os trabalhadores da Administração Pública foram espoliados em 9833 milhões de euros, de 2011 a 2015 (caso se cumpra o que o Governo incluiu na sua proposta de Orçamento do Estado);
os trabalhadores do sector privado ficaram sem 7222 milhões de euros, de 2012 a 2014, considerando a redução do valor do trabalho suplementar, a diminuição de feriados e dias de férias e os encargos com o IRS.

Onde é a batalha?

No dia de hoje, vão decorrer em simultâneo inúmeras lutas que, por convergirem numa data comum, dão mais forte expressão pública a reivindicações que são comuns a um amplo universo de trabalhadores e tocam também outras camadas. As acções vão ter lugar, predominantemente, nos locais de trabalho, mas em dezenas de localidades o protesto virá para a rua.

Estão anunciadas greves de 24 horas nas empresas concessionárias de cantinas e refeitórios de empresas e serviços públicos (com uma concentração frente à sede da Eurest, em Alfragide), no Metropolitano de Lisboa, na CP Carga.

O pessoal da Inapal Plásticos concentra-se esta tarde na portaria do parque da Autoeuropa (este também afectado pela greve das cantinas e refeitórios), enquanto na Isporeco começa uma greve de 48 horas.

Paralisações e plenários no exterior vão envolver trabalhadores da Administração Local em quatro dezenas de sedes de concelho. No distrito de Setúbal, trabalhadores de outros sectores (como o Arsenal do Alfeite) juntam-se aos das autarquias e realizam manifestações em onze concelhos.

A lista de empresas com períodos de greve inclui a Cobert Telhas, a Exide (ex-Tudor), a Abrigada, a Petrogal (refinarias de Sines e Matosinhos), a Multiauto (Setúbal), a Euroresinas, a Lisnave Yard, o LIDL (Marateca), a Sakthi (Maia), a Amtrol Alfa, a Bosch, a Delphi e a Fehst (estas em Braga), a Caetano Auto (Coimbra), a Postejo (Benavente). Os trabalhadores da Unicer manifestam-se em Lisboa, frente à embaixada da Dinamarca, país de origem da patente Carlsberg. Na SPdH, a greve de cinco horas permite a saída do aeroporto até ao centro de Lisboa, junto à sede uma associação que há pouco decidiu, mais uma vez, premiar a empresa de handling por boa gestão de pessoal.

Greves e plenários vão ainda ter lugar nos principais locais de trabalho da EMEF, com possível saída às ruas.

Na Soporcel (Lavos, Figueira da Foz), estão marcadas greves de 24 horas para amanhã e dia 21.

Reflectir e agir

«Primeiro falaram-lhe na competitividade das empresas e na redução do défice para justificar aquilo que não tinha justificação: a alteração da legislação laboral para reduzir direitos e determinar cortes nos salários, nas pensões, nos dias de férias e feriados, no valor do trabalho extraordinário, nas indemnizações, no subsídio de desemprego, no abono de família e outras prestações sociais.
Agora, porque a competitividade das empresas está nas ruas da amargura, a economia não sai da estagnação, o défice continua a derrapar e a dívida a aumentar (134%), dizem-nos que os sacrifícios, a exploração, as desigualdades e o empobrecimento da generalidade da população são para continuar.
É preciso dizer basta! Mais do que insistir numa política de direita que arruína o País, exige-se uma política alternativa que rompa com o tratado orçamental, crie mais e melhor emprego, aumente os salários e as pensões, reduza o desemprego, dinamize o investimento público e a procura interna.»

Excerto do manifesto da CGTP-IN
para a jornada de hoje

 



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