Desemprego além das estatísticas
Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) «não reflectem com exactidão o que se passa com o emprego no nosso País, pois subestimam o desemprego e sobrestimam o emprego», salienta a CGTP-IN. Em nota de imprensa difundida depois de o INE ter calculado a taxa de desemprego em Portugal em 13,1 por cento no 3.º trimestre deste ano, a Central sublinha que para além da «época sazonal onde, tradicionalmente, é criado emprego precário», «é necessário considerar que para além dos desempregados estimados, temos mais de 330 mil desencorajados e inactivos que querem trabalhar», aos quais acrescem outros «232 mil trabalhadores a tempo parcial que querem mas não conseguem trabalhar mais horas, encontrando-se subempregados».
Tudo somado, são «no total, um milhão e 253 mil desempregados e subocupados, o que corresponde a uma taxa de 22,4 por cento».
Para a Inter, outros factores contribuem para a diminuição do desemprego traduzida nas estatísticas oficiais, nomeadamente os 350 mil portugueses forçados a emigrar entre 2011 e 2013, e os 47 mil, a maioria jovens, que este ano seguiram o mesmo rumo, assim como a inclusão no volume de emprego dos «cerca de 43 mil estagiários e 30 mil desempregados ocupados em contratos emprego-inserção, que não podem nem devem ser contabilizados como empregados».
Por outro lado, adianta no mesmo texto a CGTP-IN, no 3.º trimestre de 2014 «verifica-se um número crescente de desempregados a participar em medidas de formação profissional (75,6 mil) que não entram nas contas do desemprego», os quais, findas a acções de qualificação, na sua maioria não encontram emprego.
Política desastrosa
Notando que «o desemprego de longa duração atinge 461 mil pessoas, num contexto em que apenas 47 por cento dos desempregados tem acesso a protecção no desemprego em termos oficiais (percentagem que baixa para os 32 por cento considerando o número real de desempregados)», a estrutura sindical sublinha, também, que «este trimestre fica marcado pelo aumento da precariedade», uma vez que «nove em cada dez empregos criados foram precários», o que, continua, «não é alheio ao facto de 85 por cento do emprego criado neste período ter ocorrido no alojamento e restauração, bem como na construção. Por seu turno, a agricultura, as indústrias transformadoras e principalmente a educação viram o emprego ser destruído (com menos 26 mil postos de trabalho)».
A CGTP-IN conclui que «o pouco emprego agora criado, na sua maioria precário e sobreavaliado», não oculta a acção destruidora do Governo PSD/CDS. Sanha que prossegue com «o anúncio do despedimento de milhares de trabalhadores da Administração Pública».
Exige-se por isso uma política de desenvolvimento do País com «a criação de emprego estável, seguro e bem remunerado, indissociável do investimento com retorno no sector produtivo nacional e na valorização dos trabalhadores enquanto elementos determinantes para a criação de riqueza e o reforço da protecção social de todos quantos dela necessitem», reitera a Confederação.