EGF deve ficar pública
No dia 23, em Lisboa, sindicatos, trabalhadores, utentes e eleitos locais exigiram ao Governo que recue na privatização da empresa que domina dois terços do sector de resíduos sólidos.
A luta vai prosseguir já no dia 13, nos locais de trabalho
A concentração, promovida pelos sindicatos da CGTP-IN que representam os trabalhadores das autarquias locais e das indústrias de ambiente, começou pouco depois das dez horas, no Largo do Rato. Pessoal da Valorsul, da Amarsul e da Valorlis, bem como de sectores de higiene urbana e resíduos sólidos de municípios dos distritos de Lisboa e Setúbal partiu dali, em manifestação, até à sede do Conselho de Ministros, que a essa hora realizava a sua reunião semanal.
As palavras de ordem gritadas ao longo do percurso alargaram o alerta à população e o apelo à luta de todos: «EGF no privado é roubo descarado», «EGF privatizada, factura aumentada», «Privatizar é roubar», «Passos, ladrão, teu lugar é na prisão» ou «A luta continua, Governo para a rua», entre outras.
A partir da Estrela, algumas viaturas de recolha do lixo de várias municípios juntaram-se à manifestação, buzinando durante a subida até Campo de Ourique e a descida para a Rua Professor Gomes Teixeira. Junto à entrada para o quarteirão onde se situa a presidência do Conselho de Ministros, interrompendo o trânsito, os manifestantes voltaram a concentrar-se, para ouvirem breves intervenções de dirigentes sindicais: Navalha Garcia, da Fiequimetal e do SITE CSRA, Francisco Braz, do STAL, e Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN.
Aqui foi aprovada uma resolução, onde se reafirma a oposição à privatização da EGF e se exige a paragem imediata deste processo.
Concretizar a decisão do Governo de entregar a EGF a um grupo privado significaria atentar contra o interesse nacional, o serviço público, os direitos dos trabalhadores e das populações. No documento, defende-se que a EGF permanecer na esfera pública é condição essencial para assegurar uma política de resíduos determinada pelos interesses das populações e por razões ambientais, e não pelo lucro.
Por fim, reafirma-se a determinação de prosseguir e intensificar a luta em defesa da gestão pública dos resíduos, dos serviços municipais, dos direitos e dos postos de trabalho e da melhoria das condições de vida.
No protesto integraram-se, entre outros eleitos em autarquias locais, os presidentes das câmaras municipais de Almada e Loures. Miguel Tiago, deputado do PCP, expressou a activa solidariedade do Partido para com esta luta e lembrou, em declarações aos jornalistas, que até o valor do «encaixe» para o Estado é irrisório, correspondendo a sete dias de juros da dívida pública e muito inferior ao valor da empresa, do seu património e do investimento público realizado no sector. Também defendeu que a privatização ainda pode ser revertida, quer com a demissão do Governo, quer pelos passos que ainda estão por dar no próprio processo de alienação da EGF, quer pelos processos que ainda correm nos tribunais.