O anátema
Estão em luta há quatro anos. Contra os roubos nos salários e nas reformas, contra a violação da contratação colectiva, contra a degradação do transporte público que prepara a privatização. Nunca aceitaram «os cortes provisórios», não se submeteram «às inevitabilidades», não trocaram os seus direitos pelo «mal menor» e ainda denunciaram todas as malfeitorias feitas aos utentes. Resistiram. Resistem. E cairá este Governo sem ter derrotado a dignidade dos trabalhadores do Metro.
Essa atitude fez-lhes merecer, justamente, o respeito e admiração dos trabalhadores e do povo português. E o ódio dos exploradores e dos grunhos que se arrastam atrás deles, deixando um desagradável rasto de baba e ranho em diversos jornais e revistas.
Tivemos esta semana dois bons exemplos do que atrás dissemos. Por um lado, o cada vez menos surpreendente Pacheco Pereira a reconhecer a justeza da luta dos reformados do Metro contra o roubo dos complementos. E por outro, um artigo no Grunhador replicando um anterior editorial contra as greves do Metro, e recheado das armas costumeiras deste tipo de gente: um anticomunismo boçal e primário, o ódio a todos os sindicatos que não se rendem (e no Metro há mais sindicatos na luta que os da CGTP-IN) e a tudo o que não se submete aos interesses das classes dominantes.
Neste País onde o número de milionários cresceu em onze mil num só ano, as classes dominantes e todas as suas igrejas continuam a apelar à passividade do povo, e a que este se comporte como um rebanho dócil, que aceite ser cada vez mais ordenhado e, quando ordenado, entre mesmo, à vez e ordeiramente, no matadouro.
Tentando intimidar, repetem o velho anátema anticomunista para excomungar tudo o que resiste, tudo o que luta, tudo o que é digno. Honram-nos a nós que somos comunistas com esse anátema que aplicam a tantos que não são comunistas, mas cujo brio, honra, dignidade e coragem os faz trilhar o caminho da luta e da resistência. Mas já não metem medo como metiam, e ainda se arriscam a ouvir como resposta a célebre frase de Humphrey Bogart «Não sou comunista, mas gostava de ser!».