Património público e direito de todos

Defender os transportes da rapina

Trabalhadores e utentes dos transportes são os principais prejudicados pela sanha destruidora e privatizadora do Governo, que pretende alienar um património e direitos comuns e, por isso, merece a resposta de luta que está a ser dada no sector.

Combater as políticas de privatização deste Governo é uma luta de todos

Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa iniciaram, às 23h00 de segunda-feira, 20, a paralisação de 24 horas. Arménio Carlos acompanhou o início da greve convocada em defesa do serviço público e contra a privatização da empresa, por melhores condições de trabalho e contra os cortes nos salários e reformas.
Dirigindo-se aos trabalhadores, o Secretário-geral da CGTP-IN lembrou que esta «é uma luta de todos» no momento em que o Governo «continua fortemente empenhado» na privatização das empresas de transportes tornando-as «um instrumento de negócio». Nesse sentido, apelou à população de Lisboa para que apoie os trabalhadores na «defesa de um serviço público e de qualidade» e insistiu que combater «as políticas de privatização deste Governo é uma luta de todos os portugueses».
Também contra a entrega da empresa a privados estão os trabalhadores da Soflusa, que na tarde de anteontem realizaram um plenário contra alienação da empresa pertencente ao grupo Transtejo, responsável pelas ligações entre as duas margens do Rio Tejo. Das 13h00 às 16h30, não se efectuaram carreiras fluviais entre Lisboa e Barreiro.
Sobre a concessão do grupo Transtejo e do Metro – no caso desta última, o Governo pretende lançar o concurso, que inclui também a Carris, entre o final deste mês e o início do próximo –, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) insiste que faz parte da estratégia de um Governo «ao serviço dos grandes grupos económicos».
Isso mesmo transmitiu o coordenador da Federação durante a acção promovida conjuntamente com o Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), quinta-feira, 17, no Largo Camões, em Lisboa. A iniciativa, que sucedeu a uma reunião de quadros sindicais dos transportes, no qual participou Arménio Carlos e onde foi discutida a dinamização da luta durante o mês de Novembro desde logo pela apresentação de cadernos reivindicativos, «trouxe para a rua» outras questões abordadas, durante a manhã, no plenário. Nomeadamente a «degradação do serviço público», a «rapina» e a «penalização dos utentes e dos trabalhadores», precisou José Manuel Oliveira na concentração onde Fectrans e MUSP lembraram as medidas do Governo e as suas implicações para trabalhadores e utentes, e alertaram para o seu agravamento na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2015.

Luta sobre
rodas e carris


Desde segunda-feira, dia 13, que os trabalhadores do sector dos transportes concretizam importantes jornadas de luta e se movimentam para a sua preparação. Na Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, prossegue a greve ao trabalho extraordinário como instrumento para defender os direitos dos trabalhadores, a segurança dos utentes e o serviço público de qualidade, contra a privatização e pela admissão dos cerca de cem motoristas em falta. Já na Refer, faz hoje uma semana, os trabalhadores paralisaram duas horas por turno repudiando a destruição da empresa, decorrente do desmembramento da CP e da recente fusão da Rede Ferroviária Nacional com a Estradas de Portugal, processo que os trabalhadores ferroviários continuam a contestar lembrando que na Alemanha o Estado nunca desmembrou nem alienou o grupo ferroviário público, e que em França tal caminho está a ser agora invertido, lê-se no documento que a Fectrans está a distribuir massivamente.
Já na manhã do dia 15, os trabalhadores da CP reuniram no Porto, Coimbra, Lisboa e Barreiro em plenário convocados pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários (SNTSF). Na agenda esteve a análise da situação na empresa e a resposta necessária. Posteriormente, e em face das medidas propostas no OE para 2015, o SNTSF denunciou que, no ano que vai entrar, os trabalhadores terão um salário inferior ao que auferiam em 2009, lembraram a continuação do «roubo do direito ao transporte», e denunciaram a intenção do «Governo de “lacaios” ao serviço dos grandes grupos económicos e financeiros» em avançar já para a privatização da CP-Carga.
No documento datado de dia 18, o Sindicato ferroviário anunciou a realização de contactos nos locais de trabalho para esclarecer e discutir o futuro com os trabalhadores. Ronda que começou esta segunda-feira, 20, no Poceirão, Praias do Sado e Penalva, prossegue hoje em Alhandra e Bobadela, e continua dia 27, em Gaia, Contumil e Leixões; dia 28, na Pampilhosa; dia 30, no Entroncamento, e dias 1 e 3 de Novembro, no Barreiro, com um plenário de trabalhadores da CP Carga, e em Lisboa, na Avenida da República, respectivamente.




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