Por garantias no Bingo do Estrela
Surpreendidos por manobras traiçoeiras de quem tinha a responsabilidade de os representar, os trabalhadores do Bingo do Estrela da Amadora não querem ir para o desemprego no dia 31.
Os trabalhadores exigem manter-se no Bingo
O Clube de Futebol Estrela da Amadora foi declarado insolvente em 2009, mas foi possível manter os postos de trabalho, após diversas lutas. No último dia deste mês termina o actual contrato de concessão da licença da sala de bingo e aos 52 trabalhadores nada está garantido, seja pelo administrador da insolvência, Paulo Sá Cardoso, seja pela concessionária, a Pataca da Sorte (com assumida ligação à Casa da Sorte). Para agravar os motivos de inquietação, ficou-se a saber há poucas semanas que um delegado sindical deixou de assegurar a ligação ao Sindicato da Hotelaria do Sul, ateou a ideia de que este nada estava a fazer e estimulou a criação de uma «comissão» que vai passando informações alarmantes. Em meados de Julho, esse delegado não convocara os trabalhadores para um plenário, faltando ao combinado com a direcção do sindicato. No início de Setembro, alguns trabalhadores foram à sede expressar o seu protesto pela falta de contactos do sindicato, e foi então que partiram para o árduo trabalho de reconstrução da organização e da unidade.
No dia 16, junto ao Turismo de Portugal, começou uma série de acções com impacto público, com uma reivindicação fundamental: que o emprego e os direitos fiquem salvaguardados no caderno de encargos da futura concessão da sala de jogo.
António Barbosa e os dois novos delegados sindicais, eleitos já este mês, afirmaram ao Avante! a determinação de prosseguir os esforços de unidade do pessoal do Bingo e a pressão junto de quem possa ter qualquer intervenção neste processo.
Anteontem, o dirigente do sindicato da Fesaht/CGTP-IN revelou-nos, após uma reunião com uma assessora do secretário de Estado do Turismo, que o Governo persiste na posição já manifestada dia 16 por um representante do Turismo de Portugal: o Bingo do Estrela deve continuar a abrir as suas portas, mas não há nenhumas garantias quanto aos postos de trabalho.
Foram já pedidas audiências a todos os grupos parlamentares.
Para amanhã, dia 24, está convocada uma reunião na DGERT (Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho), por iniciativa do sindicato, em representação dos trabalhadores, e com as demais partes deste processo: o administrador da insolvência, a Pataca da Sorte e o Turismo de Portugal.
Ovos de ouro
O Bingo do Estrela da Amadora, segundo os dados mais recentes, citados à nossa reportagem pelos responsáveis sindicais, apresenta o segundo maior volume de facturação em Lisboa e está entre os quatro ou cinco mais elevados a nível nacional. «Podia ainda dar mais, se fosse melhor gerido», sublinha o delegado sindical. Mesmo assim, uma concessão por dez anos, como a que está em causa a partir de 1 de Novembro, «é para ganhar milhões».
A massa falida tem receitas, como as que decorrem do aluguer da sala de bingo, mas o administrador da insolvência não apresenta contas.
Os salários-base são muito baixos e aos trabalhadores valem os direitos reconhecidos no contrato colectivo dos bingos, assinado com a Liga de Clubes. Esses direitos – que valem cerca de metade dos menos de 600 euros de ordenado-base – têm que ser assegurados, exigem os trabalhadores e o seu sindicato.
Em análise está a continuação da luta, se esta exigência não for satisfeita, a partir do primeiro dia de Novembro.