Boas notícias
Enquanto se aguarda o desfecho das eleições no Brasil, de extrema importância para esse país, a América Latina e o Mundo, chegam-nos boas notícias da Bolívia. Evo Morales acaba de ser reeleito para um terceiro mandato na Presidência da República. Os dados provisórios apontam para uma vitória à primeira volta com cerca de 60% dos votos, já reconhecida pelo principal candidato da oposição – Samuel Doria Medina, industrial e candidato da «Unidade Nacional» – que segundo as sondagens à boca da urna disponíveis no momento da redacção deste texto se terá ficado com pouco mais de 25% dos votos.
Naquele que é historicamente um dos países mais pobres da América Latina a votação decorreu serena e normalmente. Os relatos de enormes filas mas com uma disciplina assombrosa, de alta participação de mulheres e comunidades indígenas, de grandes concentrações de eleitores meia hora antes da abertura das urnas, de um ambiente festivo e de participação nas ruas descrevem bem as mudanças verificadas na Bolívia no que toca à importância da participação e ao modo como se olha a democracia.
A vitória de Evo Morales pela terceira vez e, segundo tudo aponta, a eleição de dois terços dos deputados da Assembleia Legislativa pelo Movimento ao Socialismo (MAS – Frente de forças sociais e políticas) abrem agora uma nova fase de aprofundamento do processo.
O seu sucesso é um exemplo para outros países da América Latina e do Mundo. Não porque seja isento de imperfeições e contradições, mas porque está a dar resposta a muitos dos anseios das diversas comunidades da Bolívia, e porque, por via do resgate para o Estado de riquezas e sectores estratégicos da economia tem permitido um crescimento económico significativo que compaginado com uma redistribuição da riqueza mais justa permitiu grandes avanços sociais de que porventura o melhor exemplo é o facto de em apenas oito anos se ter reduzido a pobreza extrema de 39% da população para 18% e as desigualdades sociais terem sido muito reduzidas. É de facto uma boa notícia, como o será a vitória de Dilma Roussef nas eleições brasileiras e a derrota do candidato da direita, o que a não acontecer teria consequências muito negativas para todo o subcontinente.