Indignação e protesto
Sob o lema «Respeitar os direitos dos Idosos é defender o futuro», a Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos – MURPI, agendou para ontem, em todo o País, múltiplas acções para assinalar o Dia Mundial do Idoso.
«Queremos Abril nas nossas vidas e no futuro dos nossos netos»
As iniciativas, promovidas com as federações distritais e as associações do MURPI, estavam previstas para Lisboa, Porto, Vale do Ave, Baixo Tâmega, Marinha Grande, Setúbal, Peniche, Alcobaça, Caldas da Rainha, Vieira de Leiria, Coimbra, Avis, Barreiro, Sines, Beja, Évora e Faro, com distribuições de documentos, sessões de esclarecimento, colóquios, almoços e lanches, tribunas públicas e concentrações.
«O Dia Mundial do Idoso é uma oportunidade para homenagear as pessoas idosas, prestando-lhes o justo reconhecimento pelo património de valores e realizações criadas ao longo das suas vidas. Um dia para afirmar o dever de respeitar os seus direitos todos os dias, pelo poder político e pela sociedade», lê-se num documento do MURPI, onde se reclama: «Queremos Abril nas nossas vidas e no futuro dos nossos netos».
Nos 40 anos da Revolução de Abril, o Dia Mundial do Idoso acontece depois de se terem realizado as Marchas de Indignação e Protesto e o 19.º Piquenicão, em Grândola. A comemoração desta data pretende dar particular relevo ao debate e à consciencialização de largos sectores de reformados, pensionistas e idosos para a necessidade de assumirem de corpo inteiro o combate, por todos os meios, às causas dos flagelos que os atingem.
Flagelos que atingem Portugal
- Cerca de dois milhões de pessoas idosas, em Portugal, são vítimas de pobreza, exclusão social, solidão e doença incapacitante;
- Os reformados, pensionistas e idosos foram, também, directa ou indirectamente, as principais vítimas das medidas de austeridade que vêm contribuir para o seu crescente empobrecimento, com a redução progressiva e contínua dos seus rendimentos;
- O acesso aos cuidados de saúde de proximidade foram dificultados pelo aumento generalizado das taxas moderadoras, elevado custo dos medicamentos, encerramento de postos clínicos e de serviços de internamento, e encarecimento dos transportes para a utilização dos serviços de saúde;
- A protecção social está cada vez mais reduzida, em consequência dos cortes nos diversos subsídios: complemento solidário para os idosos, complemento por dependência, rendimento social de inserção, subsídio de morte e de funeral e outros.
- Muitos dos reformados, pensionistas e idosos viram a sua situação económica e social agravada com o desemprego e a emigração dos seus filhos e netos, vendo-se obrigados a dar-lhes sustento e apoio;
- O encerramento de mais de 300 escolas, a redução do número de juntas de freguesia, o encerramento de tribunais e outros serviços, vêm contribuir para o isolamento e a desertificação de grande parte do território nacional, agravando as necessidades das populações idosas.