A importância da luta pela paz

Pedro Guerreiro (Membro do Secretariado)

Não será necessário ser um observador atento para se ter a percepção de que a actual situação internacional é caracterizada pela proliferação de «conflitos» e pelo aumento da insegurança e da instabilidade. No entanto, a continuada banalização de tal evolução é sistematicamente acompanhada pela ocultação das suas causas e, consequentemente, dos seus responsáveis, sendo a mentira deliberada e metodicamente veiculada recorrendo-se a todo o tipo de operações de desinformação, quantas vezes com base nas mais inimagináveis provocações e hediondos crimes, procurando converter os agressores em «agredidos», os criminosos em «vítimas», os opressores em «libertadores».

Assume grande importância a convergência em torno da luta pela paz

A «informação» veiculada pelos «grandes centros de comunicação ocidentais» sobre a actual situação na Ucrânia e nos territórios palestinianos ilegalmente ocupados por Israel são chocantes exemplos desta realidade. Não surpreende que o imperialismo tenha necessidade de encobrir a sua natureza, objectivos e acção exploradora, opressiva e agressiva – os seus crimes –, não olhando a meios para dificultar a legítima resistência dos povos e neutralizar a mobilização de amplos movimentos de solidariedade com a sua luta.

Servindo-se do seu sofisticado poderio bélico e dos seus diversificados meios de condicionamento ideológico, o imperialismo – com a preponderância do norte-americano – procura encontrar a saída para a profunda crise estrutural com que o capitalismo se debate intensificando a exploração e criando e alimentando focos de desestabilização contra todos aqueles que resistem ou que considera serem um obstáculo às suas pretensões de recolonização e de imposição do seu domínio mundial – numa escalada de agressão que, a não ser travada, representará uma séria ameaça para a paz no mundo.

A guerra é inerente ao capitalismo. Enquanto este sistema existir e for predominante multiplicar-se-ão o militarismo, a ingerência e as agressões, com a possibilidade da deflagração de conflitos de maiores proporções – actualmente, uma nova guerra mundial poderia significar a destruição da Humanidade.

Assim, a luta contra a guerra imperialista, pela paz e em defesa da soberania e independência nacionais assume-se como uma importante componente da luta pela transformação progressista e revolucionária da sociedade, sendo que a ampliação da base social e política do movimento da paz representa uma contribuição para o reforço da luta mais ampla pela emancipação social e nacional. Perante a actual ofensiva do imperialismo, não resta outra alternativa aos trabalhadores e aos povos senão resistir e lutar pelos seus legítimos direitos e aspirações. As lutas e processos emancipadores, seja da exploração de classe, do domínio colonial ou de regimes de opressão, confluem objectivamente na luta contra o imperialismo e são componentes de um mesmo processo de libertação universal.

Amplas alianças

Neste sentido, assume uma grande importância a convergência do conjunto das forças que, embora actuando com objectivos diversificados, possam confluir objectivamente na luta contra as guerras imperialistas, contra a ameaça do fascismo e pela paz. Aos comunistas e revolucionários coloca-se a exigência de – sem diluição ou abdicação da sua identidade e princípios – impulsionar as mais amplas alianças sociais e a convergência das forças progressistas e anti-imperialistas. Amplas alianças e convergência que reforcem o movimento da paz e de solidariedade com os povos vítimas da agressão imperialista e da sua acção em prol do desarmamento – em particular, do desarmamento nuclear –, da resolução pacífica dos conflitos internacionais, do fim das bases militares estrangeiras, da dissolução da NATO (que realiza uma nova cimeira a 4 e 5 de Setembro, no Reino Unido), do direito à autodeterminação dos povos e da luta de libertação do domínio colonial, do respeito pela soberania e independência nacionais, da rejeição do fascismo e da opressão da liberdade e da democracia, do progresso social, da amizade e cooperação entre os povos, por profundas transformações antimonopolistas e anti-imperialistas, pelo socialismo.

Luta pela paz e solidariedade com os povos que, em Portugal, significa, para além do mais, defender e afirmar os valores da Revolução de Abril – que representou a liquidação do fascismo, o fim das guerras coloniais e a conquista da paz e de profundas transformações democráticas, a afirmação da soberania e independência nacionais e uma política de amizade e cooperação com todos os povos do mundo –, exigir o cumprimento da Constituição portuguesa – que entre outros importantes princípios rejeita o envolvimento do País em agressões e projectos belicistas –, defender a soberania e independência nacionais e lutar contra a NATO e o seu pilar europeu, a União Europeia do grande capital e das grandes potências.

 



Mais artigos de: Opinião

Fábulas, contos e outras histórias

«Quem escreve História tem naturalmente conceitos de natureza ideológica e teórica mais ou menos aprofundados. Conceitos de classes que tornam inevitável a diferente apreciação dos acontecimentos (...) É pecado de quem escreve História se a escreve com ideias...

À força

Antigamente, à falta de melhores técnicas e, depois, à falta de meios da esmagadora maioria da população para pagar essas técnicas, os dentes eram arrancados à força e, à excepção da aplicação de umas aguardentes, (que quanto mais...

A meio do caminho

Na habitual iniciativa de verão do PSD no Pontal, Passos Coelho escolheu como ponto central do seu discurso a ideia de que o Governo está a meio do seu caminho «reformador». Ficamos pois a saber que as forças que compõem o Governo e o capital a quem servem consideram que a sua...

Máfias

Segundo decisão do ministro da Saúde, Paulo Macedo - senhor do califado -, em Setembro próximo vai avançar a «cobrança coerciva das taxas moderadoras hospitalares em atraso». Trata-se de pôr a máquina central das Finanças ao serviço da...

<i>De Ferguson<br> ao Iraque</i>

A localidade de Ferguson, subúrbio de Saint Louis no estado do Missouri, está em estado de guerra. Na passada segunda-feira a Guarda Nacional chegou à cidade, armada até aos dentes. A sua chegada – ironicamente coincidente com os apelos de Obama à...