A importância da luta pela paz
Não será necessário ser um observador atento para se ter a percepção de que a actual situação internacional é caracterizada pela proliferação de «conflitos» e pelo aumento da insegurança e da instabilidade. No entanto, a continuada banalização de tal evolução é sistematicamente acompanhada pela ocultação das suas causas e, consequentemente, dos seus responsáveis, sendo a mentira deliberada e metodicamente veiculada recorrendo-se a todo o tipo de operações de desinformação, quantas vezes com base nas mais inimagináveis provocações e hediondos crimes, procurando converter os agressores em «agredidos», os criminosos em «vítimas», os opressores em «libertadores».
Assume grande importância a convergência em torno da luta pela paz
A «informação» veiculada pelos «grandes centros de comunicação ocidentais» sobre a actual situação na Ucrânia e nos territórios palestinianos ilegalmente ocupados por Israel são chocantes exemplos desta realidade. Não surpreende que o imperialismo tenha necessidade de encobrir a sua natureza, objectivos e acção exploradora, opressiva e agressiva – os seus crimes –, não olhando a meios para dificultar a legítima resistência dos povos e neutralizar a mobilização de amplos movimentos de solidariedade com a sua luta.
Servindo-se do seu sofisticado poderio bélico e dos seus diversificados meios de condicionamento ideológico, o imperialismo – com a preponderância do norte-americano – procura encontrar a saída para a profunda crise estrutural com que o capitalismo se debate intensificando a exploração e criando e alimentando focos de desestabilização contra todos aqueles que resistem ou que considera serem um obstáculo às suas pretensões de recolonização e de imposição do seu domínio mundial – numa escalada de agressão que, a não ser travada, representará uma séria ameaça para a paz no mundo.
A guerra é inerente ao capitalismo. Enquanto este sistema existir e for predominante multiplicar-se-ão o militarismo, a ingerência e as agressões, com a possibilidade da deflagração de conflitos de maiores proporções – actualmente, uma nova guerra mundial poderia significar a destruição da Humanidade.
Assim, a luta contra a guerra imperialista, pela paz e em defesa da soberania e independência nacionais assume-se como uma importante componente da luta pela transformação progressista e revolucionária da sociedade, sendo que a ampliação da base social e política do movimento da paz representa uma contribuição para o reforço da luta mais ampla pela emancipação social e nacional. Perante a actual ofensiva do imperialismo, não resta outra alternativa aos trabalhadores e aos povos senão resistir e lutar pelos seus legítimos direitos e aspirações. As lutas e processos emancipadores, seja da exploração de classe, do domínio colonial ou de regimes de opressão, confluem objectivamente na luta contra o imperialismo e são componentes de um mesmo processo de libertação universal.
Amplas alianças
Neste sentido, assume uma grande importância a convergência do conjunto das forças que, embora actuando com objectivos diversificados, possam confluir objectivamente na luta contra as guerras imperialistas, contra a ameaça do fascismo e pela paz. Aos comunistas e revolucionários coloca-se a exigência de – sem diluição ou abdicação da sua identidade e princípios – impulsionar as mais amplas alianças sociais e a convergência das forças progressistas e anti-imperialistas. Amplas alianças e convergência que reforcem o movimento da paz e de solidariedade com os povos vítimas da agressão imperialista e da sua acção em prol do desarmamento – em particular, do desarmamento nuclear –, da resolução pacífica dos conflitos internacionais, do fim das bases militares estrangeiras, da dissolução da NATO (que realiza uma nova cimeira a 4 e 5 de Setembro, no Reino Unido), do direito à autodeterminação dos povos e da luta de libertação do domínio colonial, do respeito pela soberania e independência nacionais, da rejeição do fascismo e da opressão da liberdade e da democracia, do progresso social, da amizade e cooperação entre os povos, por profundas transformações antimonopolistas e anti-imperialistas, pelo socialismo.
Luta pela paz e solidariedade com os povos que, em Portugal, significa, para além do mais, defender e afirmar os valores da Revolução de Abril – que representou a liquidação do fascismo, o fim das guerras coloniais e a conquista da paz e de profundas transformações democráticas, a afirmação da soberania e independência nacionais e uma política de amizade e cooperação com todos os povos do mundo –, exigir o cumprimento da Constituição portuguesa – que entre outros importantes princípios rejeita o envolvimento do País em agressões e projectos belicistas –, defender a soberania e independência nacionais e lutar contra a NATO e o seu pilar europeu, a União Europeia do grande capital e das grandes potências.