Greves nos CTT
A eliminação do horário contínuo penaliza os trabalhadores e facilita os despedimentos, num contexto em que o serviço público é marginalizado para engordar os lucros dos accionistas.
A privatização não implicou a melhoria do serviço postal público
LUSA
A uma semana e meia de greves por turnos nas centrais de tratamento de correio de Lisboa, Coimbra e Porto (centros de produção e logística de Cabo Ruivo, Taveiro e Maia, respectivamente), com um balanço «francamente positivo», seguiram-se dois dias de greve, na segunda e terça-feira. No dia 4, os trabalhadores da distribuição domiciliária em Lisboa também estavam convocados para a paralisação convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (CGTP-IN) e muitos deles ter-se-ão juntado aos colegas do tratamento na manifestação que ligou a estação de Cabo Ruivo à sede central da empresa, no Parque das Nações.
A justificar a intensa luta está a intenção da administração da empresa de acabar com o horário contínuo, que, defende o SNTCT, prejudica os trabalhadores: conduz ao aumento da carga horária; dificulta a conciliação entre a vida profissional e familiar; aumenta a exploração e cria condições para a redução de postos de trabalho.
Com este ataque aos direitos, tornam-se mais evidentes as «virtudes» de uma privatização que, para encher os bolsos dos accionistas, reduz cada vez mais os custos do trabalho (não aumentando os salários, não diminuindo a precariedade, não melhorando as condições de trabalho) e piora a prestação do serviço postal público. Por tudo isto, refere o sindicato, os trabalhadores estão conscientes da grande importância desta luta, que irá continuar até que a administração se mostre disposta a negociar.
Em Vizela
A Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Distrito de Braga considera indigno que a administração dos CTT «atire para cima dos trabalhadores a responsabilidade pela degradação do serviço prestado», ao afirmar que os atrasos na distribuição do correio em Vizela se devem a um «absentismo inesperado» da sua parte. Numa nota, a coordenadora refuta a acusação, dizendo que nos últimos meses os serviços têm sofrido alterações profundas (redução dos postos de trabalho, aumento dos giros, não substituição de trabalhadores ausentes por motivo de férias ou outros), norteadas pelo principal objectivo estratégico da administração dos CTT: «criar valor accionista». «Fruto do seu elevado nível profissional, numa tentativa de garantir um serviço com um mínimo de qualidade», são inclusive os trabalhadores que se vêem forçados a prolongar o seu horário, sem qualquer remuneração adicional, salienta a nota.