Saúde em causa
Falta de profissionais e equipamentos obsoletos estão a colocar em causa a qualidade da prestação de cuidados de saúde, denunciaram, anteontem, 42 directores de serviço do Hospital de Almada. Em carta enviada ao Ministério da Saúde e dada a conhecer à Ordem dos Médicos e aos grupos parlamentares da Assembleia da República, os clínicos alertam que as carências estão na base do adiamento de cirurgias e consultas externas.
«Existem casos gritantes, como o da pediatria médica, com incubadoras, ventiladores mecânicos e monitores com 20 anos de uso que, pese embora ainda funcionantes, têm taxas de operacionalidade que comprometem a qualidade dos cuidados prestados», referem no documento, citado pela Lusa, dando ainda como exemplo da degradação observada a situação nos cuidados intensivos de adultos, nos quais «camas com 20 anos, completamente inadequadas às necessidades actuais daquele tipo de doentes em termos de posicionamento», não só põe em causa «a qualidade da assistência prestada» como provocam «um elevado índice de lesões músculo-esquelécticas dos profissionais de enfermagem e assistentes operacionais».
Na missiva endereçada ao ministro da tutela, Paulo Macedo, os médicos são incisivos quanto às causas e advertem quanto ao futuro, sublinhando que «a saída de muitos médicos e enfermeiros, o impedimento da acção gestionária do Conselho de Administração e das estruturas intermédias de gestão do hospital, por via da centralização administrativa, no que concerne a políticas de recursos humanos e compras, afectará gravemente a prossecução da missão do Hospital Garcia de Orta e da sua actividade assistencial».