Jornaleiros voltam às Turquillas

Pôr a terra a produzir

Liderados pelo Sindicato Andaluz de Trabalhadores, três centenas de trabalhadores agrícolas tentaram ocupar, dia 18, a propriedade das Turquillas, em Sevilha.

A subutilização das Turquillas é uma afronta para a população

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Desta vez a ocupação durou apenas algumas horas, dada a presença da polícia que expulsou os dirigentes do SAT e os trabalhadores. No entanto, a acção veio levantar novamente a questão da reforma agrária, como via para pôr a terra a produzir e dar trabalho a milhares de pessoas.

A própria escolha da data não foi ocasional. Como lembra o sindicato no seu site, em 18 de Julho teve lugar o golpe militar de Franco que impediu a aplicação da lei da reforma agrária aprovada pelo governo da Frente Popular. A propriedade das Turquillas estava incluída.

Segundo frisou no local Diego Cañamero, secretário-geral do SAT, a propriedade dispõe de 1200 hectares que estão subaproveitados, servindo para a criação de algumas dezenas de cavalos do exército e alguns cereais.

Aliás, uma pequena parte das Turquillas com 80 hectares já hoje está entregue ao município de Osuna. Só essa área proporcionou este ano mil jornadas de trabalho, mais do que toda a propriedade restante.

Numa região que tem uma população de 80 mil habitantes e uma taxa de desemprego de 43 por cento, a existência deste latifúndio é vista como uma afronta.

De resto, a insistência do SAT para que o governo entregue a propriedade aos municípios, com vista a organizar cooperativas, tem o apoio de todas as forças políticas.

Até os representantes locais do Partido Popular inscrevem esta medida nos seus programas municipais e autonómicos. O parlamento e senado andaluz chegaram a aprovar uma resolução nesse sentido, mas o governo central continua a resistir e a retaliar contra os membros do SAT.

Esta foi a sétima tentativa do SAT para ocupar as Turquillas. Em 2013 dezenas de activistas permaneceram ali durante 18 dias até serem desalojados pela polícia.

A acção deu origem a um processo judicial contra 53 pessoas, incluindo Sánchez Gordillo, presidente do município de Marinaleda, e o próprio Diego Cañamero, ambos condenados a sete meses de prisão.

Como lembrou Cañamero, «temos no sindicato 550 militantes que sofreram represálias, penas de 150 anos de prisão e quase um milhão de euros em sanções administrativas. No ano passado pagámos 73 mil euros em multas e este ano já vamos em 46 mil euros. Treze dos nossos companheiros incorrem em penas que somam 60 anos de prisão por terem participado em piquetes durante a última greve geral. Isto parece-nos uma barbaridade, e vamos resistir porque não se pode meter na cadeia gente que luta pela justiça e dignidade». 



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