Lutar todos os dias
O Partido tem vindo a denunciar que a política de direita e de abdicação nacional, ao serviço dos grandes grupos económicos, conduziu o País à mais grave situação económica e social do Portugal democrático. O Governo recorre à mentira e adulteração de dados económicos para passar a ideia de que existe uma recuperação económica, de que «valeram a pena os sacrifícios» e de que «quem põe em causa a ideia da recuperação económica está a desvalorizar o esforço dos portugueses».
A resistência dos trabalhadores e das populações está presente todos os dias
Todas estas mistificações procuram esconder a real situação do País e as suas políticas anti-populares e anti-sociais. O Governo PSD/CDS chega à desfaçatez de anunciar, no mês em que corta os salários da administração pública, a sua reposição para o próximo ano.
O processo BES confirma denúncias do Partido no que diz respeito a práticas de gestão obscuras, a manipulação de contas, fuga e evasão fiscal. Nomeações de quadros próximos do Governo e do Presidente da República para a administração confirmam também denúncia do Partido sobre as ligações tentaculares de domínio nos planos económico e político.
Partidos da política de direita, Governo, Presidente da República e grupos económicos têm um plano mais vasto que visa apresentar a política de direita como inevitável e apresentar como imprescindível o consenso entre PS e PSD, com ou sem CDS, com o objectivo de garantir a continuidade da política de direita. O último Conselho de Estado confirma comprometimento e co-responsabilização de Cavaco Silva no sustentar o Governo e uma política de direita.
Enquanto isto vão-se potenciando ilusões, preparando o quadro de alternância e esconder ampla convergência com a política de direita de PS, PSD e CDS. Para isso recorrem à montagem de uma farsa em torno da ideia de eleições para primeiro-ministro, que em última análise quer dar mais força à política de direita.
O Governo aprofunda medidas que visam a municipalização da Educação, passando competências de contratação e até formação de professores para as autarquias. Aprofunda ainda o ataque à saúde, aos serviços públicos e aos seus profissionais que tem degradado a qualidade de prestação de serviços. Processos que vão significar, a curto prazo, a privatização de muitas áreas dos serviços públicos.
Construir a alternativa
Tal como o Partido tem vindo a afirmar: é necessário e possível construir uma alternativa. Reforçando o Partido, intensificando e desenvolvendo a luta de massas, alargando a frente social de luta como forma de construir uma correlação de forças favorável à ruptura contra este Governo e esta política.
Por mais que tentem desvalorizar a luta e a resistência dos trabalhadores e das populações, ela está presente todos os dias. No último dia 10 de Julho a grandiosa manifestação da CGTP-IN reuniu milhares de pessoas, apesar da ocultação na comunicação social, confirmando a importância da luta organizada no combate à política de direita.
A luta tem conseguido importantes vitórias, tem sido um factor decisivo no isolamento do Governo e no retirar de condições para a implementação de muitas medidas gravosas para os trabalhadores e populações. A resistência dos trabalhadores na luta pelas 35 horas de horário semanal tem impedido o aumento do horário de trabalho na maioria das autarquias. (No distrito de Coimbra, apenas quatro dos 17 concelhos aplicaram as 40 horas). A luta e resistência dos trabalhadores contra a caducidade da contratação colectiva também tem tido vitórias, como no sector dos seguros, a expressiva greve dos médicos nos passados dias 8 e 9 de Julho, a greve na Controlinvest dia 11 de Julho, a luta dos agricultores em torno dos problemas do Douro, a luta das populações em defesa dos serviços públicos, para falar apenas de algumas lutas com incidência nos últimos dias, têm tido uma expressão e importância decisiva.
Como afirmámos na resolução política do XIX Congresso:
«A luta pelo socialismo e o comunismo, pela democracia avançada, projectando, consolidando e desenvolvendo os valores de Abril no futuro de Portugal, não se adia, faz-se todos os dias, na acção quotidiana integrando o conjunto de objectivos de luta e presente em cada um desses objectivos».