Greve dos médicos com grande adesão
e solidariedade

Grito de luta pela saúde

As declarações infelizes do ministro, no final do primeiro dia de greve, levaram a Federação Nacional dos Médicos a comentar que a luta iria ter ontem um nível de adesão ainda maior.

O combate em defesa de Saúde para todos vai continuar

Não houve qualquer reivindicação de ordem salarial na greve de 8 e 9 de Julho, convocada pela FNAM e com amplo apoio de organizações de médicos (como a Ordem e as associações de Saúde Pública, de Medicina Geral e Familiar, de Unidades de Saúde Familiar, de empresas de Segurança e Saúde no Trabalho) e de utentes (o MUSP e várias comissões de utentes, a associação SOS Hepatites). Mas Paulo Macedo insinuou o contrário, numa entrevista à SIC. O ministro defendeu que o descontentamento dos médicos seria semelhante ao de outras classes profissionais, que muitas das vezes trabalham em condições difíceis, com rendimentos menores». Antes, já tinha destacado que a greve teria na sua base «motivos políticos», alegando que o Governo «tem cumprido a parte com que se comprometeu e tem estado em permanente diálogo com os sindicatos».
Merlinde Madureira, presidente da FNAM, disse à Lusa que as declarações do ministro foram «infelizes» e «muito injustas» e que «não são verdadeiras».
A poucos dias de se iniciar a greve, a federação tinha precisamente acusado Paulo Macedo de ter deixado sem resposta aquilo que ficou incluído no acordo de Outubro de 2012 e de, tal como há dois anos, só depois de anunciada a luta ter mostrado abertura para eventuais alterações numa ou outra decisão. Mas «não apresentou qualquer proposta para alterar um único problema».
É exemplar o que se passou com o Código de Conduta Ética, apelidado pelos médicos como «lei da rolha», pois tem em vista criminalizar a revelação de situações verificadas em instituições de saúde. Reagindo à polémica que a proposta do Governo suscitou, o ministro terá chegado a admitir no Parlamento que seriam retiradas «todas as expressões que pudessem ser entendidas como limitações».
Na segunda-feira, véspera do início da greve, foi enviado para publicação oficial o texto do Código, que esteve em apreciação pública até dia 4, e no qual persistem «redacções habilidosas e artificiosas que mantêm a essência do mesmo objectivo, ou seja, estabelecer um impedimento grosseiro do exercício do direito à liberdade de expressão disfarçado de um aparente código de ética», como a FNAM acusou em carta enviada ao ministro na sexta-feira.
Entre as medidas contestadas e que, no quadro da política de Saúde definida pelas opções de desinvestimento nos serviços públicos, motivaram a realização desta greve, estão a Portaria 82/2014 (cuja aplicação está a desmantelar e encerrar serviços hospitalares).
Quanto à dimensão da greve, a presidente da FNAM destacou o «muito grande» número de cirurgias adiadas e de consultas não efectuadas, assinalando que «não houve protestos da população».
Na tarde de terça-feira, centenas de médicos e outros profissionais de saúde concentraram-se junto ao Ministério da Saúde. Ali estiveram, juntando-se às manifestações de solidariedade e de partilha de objectivos, o Secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, e a deputada comunista Paula Santos.

 

Seixal

Cerca de 300 pessoas participaram no domingo, dia 6, numa caminhada em defesa da construção de um novo hospital no Seixal e também de centros de saúde. «A presença de tantas pessoas, num dia de chuva como o de hoje, demonstra que o hospital é mesmo necessário», salientou, citado pela Lusa, o presidente da Câmara. Joaquim Santos, eleito do PCP, lembrou que o hospital devia já estar concluído em 2012, mas o seu projecto de execução não está ainda adjudicado.
A Portaria 82/2014 tira funções aos hospitais do Barreiro e Setúbal, para concentrar no Garcia de Orta, em Almada, o que vem agravar o problema de sobre-ocupação, assinalou. Garantiu que «vamos continuar a lutar», recolhendo assinaturas numa petição, para logo após o Verão levar o assunto a discussão na Assembleia da República. Criticou o facto de o ministro da Saúde não ter ainda respondido a um pedido de reunião com os nove municípios da Península de Setúbal.

Algarve 

No principal acesso à Praia do Peneco, em Albufeira, dirigentes e activistas dos sindicatos dos Enfermeiros e da Função Pública e da Associação de Comerciantes do concelho distribuíram à população e aos turistas espátulas e documentos sobre a situação de ruptura nos Serviços de Urgência Básica.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Escolas sem descanso

Mais uma vez, o Governo quer impor no período de férias uma série de medidas com graves consequências. A Fenprof e os seus sindicatos preparam respostas de luta, já a partir de amanhã.

Via sem saída

A Metro do Porto constitui «o mais poderoso desmentido das teses neoliberais e neocoloniais sobre as concessões da exploração a privados», como se vê nas contas de 2013.

ACEEP não têm que esperar

A publicação imediata dos acordos colectivos de entidade empregadora pública (ACEEP) já concluídos e que salvaguardam as 35 horas semanais, como horário máximo de trabalho, foi a principal exigência do plenário de representantes...

Acção de luta <br>na instrução automóvel

Trabalhadores e pequenos empresários de escolas de condução juntaram-se dia 2, quarta-feira, numa iniciativa conjunta, em Lisboa, expressando preocupação com o futuro do sector e com a ameaça de liquidação de milhares de postos de...

Parem o despedimento!

Realizaram-se ao fim da tarde de segunda-feira, dia 7, concentrações em Lisboa, frente ao Diário de Notícias, e no Porto, junto ao Jornal de Notícias, a apoiar a exigência de que o Grupo Controlinveste recue na...