É a luta que desgasta o Governo
O Partido tem vindo a caracterizar a situação actual como a mais grave do ponto de vista político, económico e social desde a Revolução de Abril, com a exploração e o empobrecimento a alastrar desde que, há mais de 37 anos, os partidos da política de direita iniciaram o seu ajuste de contas. A falsificação da realidade, a mentira e os roubos são traços marcantes da acção desenvolvida pelo Governo do PSD e do CDS, que conta com o apoio do PS em tudo o que de mais relevante tem feito.
A luta contra esta política é um primeiro passo da luta pela alternativa
Foi assim com a aplicação do pacto de agressão e o rasto de destruição que lhe está associado, mas foi igualmente assim com o acordo do IRC ou com o chamado Tratado Orçamental que confronta a nossa soberania ao procurar perpetuar a ingerência externa.
Mas apesar da dimensão da ofensiva, o caminho que a política de desastre nacional percorre encontra pela frente a resistência, o protesto e a luta de dos trabalhadores, da juventude, dos reformados, dos agricultores, dos utentes e dos mais diversos sectores e camadas da população que sentem os seus interesses e aspirações postos em causa pela política de direita.
Esta persistente e corajosa luta de resistência e denúncia deu um contributo fundamental para o isolamento do Governo e para o alargamento da compreensão popular de quem são os responsáveis e os beneficiários desta política.
Na verdade, aquilo a que alguns chamam de «desgaste» do Governo não resulta de nenhum problema de comunicação nem da falta de engenho deste ou daquele ministro. O «desgaste» do Governo resulta da luta que se vem desenvolvendo e alargando, na qual os trabalhadores e o movimento sindical unitário assumem papel central, com grandes acções de massas como as realizadas em 14 e 21 de Junho.
Uma luta na qual a população e os utentes têm marcado também presença na denúncia do ataque às funções sociais do Estado e do abandono de muitas localidades com a sucessão de encerramentos. Onde também os reformados e da sua confederação nacional – o MURPI – estão presentes, contribuindo para alargar a compreensão sobre a dimensão do ataque que os reformados e pensionistas estão a ser alvo. Este «desgaste» ou o claro isolamento do Governo resulta também da denúncia que a CNA e suas filiadas estão a fazer da tentativa de privatização dos baldios e do «assalto» que o Governo está a fazer à Casa do Douro e seu património. Resulta igualmente da luta que os moradores dos Bairros do IHRU travam contra o aumento das rendas, que em alguns casos ultrapassa os 300%. Resulta ainda da acção e luta da Juventude, que denuncia o ataque à escola pública, o abandono de milhares de jovens do Ensino Superior por falta de dinheiro para pagar propinas ou a emigração para a qual muitos são empurrados pela falta de oportunidades dignas no seu próprio País.
O problema está nas políticas
Havendo uma consciência cada vez maior do isolamento deste Governo e de que o problema não são as caras mas as políticas que há quase quatro décadas PS, PSD e CDS vêm desenvolvendo, o grande capital – verdadeiro beneficiário desta política – e os seus comentadores e serventes procuram apagar a luta e os seus resultados. Tentativas bem visíveis no silenciamento das principais acções de massas (foi assim com as recentes manifestações da CGTP-IN de 14 e 21 de Junho, ou até com a manifestação de hoje), mas também na tentativa de desvalorização da sua importância e dos seus resultados.
Quem é combatido pela luta dos trabalhadores e da população procura esconder que a luta dos trabalhadores das autarquias e da administração pública central já conseguiu garantir as 35 horas semanais em centenas de locais de trabalho. Procura esconder que em centenas de empresas, por via da luta, os trabalhadores garantiram aumentos salariais e/ou o correcto pagamento do trabalho extraordinário. Ou seja, mesmo com um Governo e uma maioria que governa e legisla em favor dos patrões e contra os trabalhadores, tem sido possível, pela luta, avanços e conquistas.
Mas a grande preocupação de quem combate aqueles que resistem e lutam existe porque têm consciência de que a luta contra o encerramento da escola ou a luta pelo aumento do salário fazem parte da luta contra esta política. E que a luta contra esta política é um primeiro passo da luta pela alternativa. Quem combate este Governo e aspira uma vida melhor reclama que sejam retomados os valores de Abril.
E quem combate este Governo nas ruas ou nas empresas sabe que teve e tem sempre do seu lado o PCP. Sabe que a sua luta ganha sentido e força se associada a uma política alternativa, uma política patriótica e de esquerda.